quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

"Nostalgia"

  Nostalgia - (francês nostalgie)   
   1.      Tristeza causada por saudades do afastamento da pátria ou da terra natal.
2.      Estado melancólico causado pela falta de algo.
 
Chegamos ontem ao final da tarde ao Rio. Tempo abafado, mas não muito quente, céu cinzento escuro e chuvinha chata que vai caindo de tempos a tempos. A viagem correu bem, num avião todo XPTO, com televisão individual para cada um. Vi a série completa dos Kennedy (mais de 5 horas!), joguei Solitaire e li. Os miúdos portaram-se lindamente e as 10 horas de voo lá passaram sem grande demora.
Chegamos a casa os 5 mais 9 malas, 5 mochilas, 1 pasta de computador e um cão de peluche. Deu-me a febre da arrumação enquanto o Pedro foi a um jantar e os miúdos se colaram à PS3. Arrumei tudo. E era muito. Já temos o tapete de Marrocos na sala e fotografias de pedaços da nossa vida na sala e no nosso quarto. É bom ter esses bocadinhos da nossa Casa nesta nova vida. Quando cheguei à minha Casa (que será sempre a de Lisboa e por isso daqui em diante merece ser tratada por Casa, com C maiúsculo) andei a rever cada canto, cada divisão. Não fiz o mesmo aqui, pois a história desta ainda é curta e as nossas marcas ténues. Acho que com este carrego de coisas que trouxe de Lisboa vai ficar mais nossa. Vai ser "revista" com outros olhos quando regressarmos a ela depois de uns dias fora.
 
Mas o título desta crónica prende-se não com ontem mas sim com o meu "mood" de hoje. Sinto-me nostalgica, melancólica. Não são propriamente saudades, pois só saí de Lisboa ontem. Mas dou-me conta que, hoje, me faz falta Lisboa. É talvez o embate de ter estado com todos aqueles de quem gosto, que amo, num tão curto espaço de tempo. E de saber que só os vou ver dentro de uns meses. Ainda bem que vou ter familia cá em Janeiro, Março, Abril. Para revê-los e matar saudades.
Mas como a melancolia é um estado perigoso decidi reagir e não parei em casa. Saí logo de manhã cedo para ir às compras ao supermercado (eu quero o Continente !!!) e para comprar varões de cortinados. Já estão postos nos devidos lugares e ficou muito giro. Andei a entrar e a sair de casa todo o dia e por isso estive entretida. Amanhã novo dia será e de certeza que esta melancolia passará. É preciso entrarmos nas nossas rotinas, no nosso ritmo de vida daqui. Aí tudo se torna mais fácil e a nostalgia passa.
 
Numa das muitas saídas de hoje para fazer "recados" fui a Ipanema. As ruas estão CHEIAS de gente. As lojas estão cheias. As montras vestidas de branco. É giro andar do meio desta confusão de gente, todos com cara alegre e havaianas nos pés. Ainda desafiei os meus 3 "trengos" para virem comigo comprar cabides, mas não tive sorte nenhuma. Faz-me falta uma filha para estes programinhas ...  mas se calhar também me mandava passear. Ou queria que eu gastasse um dinheirão em vestidos, chinelos e brincos. Pensando bem, estou muito bem com os meus 3 "trenguinhos".
 
Já amanhã vou começar a fazer os preparativos para o Reveillon. É tempo de passar a ferro a roupa branca e "fazer a mão e o pé". E prepararmo-nos para assistir a uma das melhores festas de passagem de ano do mundo. Com alegria e saúde e felizes por estarmos bem e por todos aqueles de quem gostamos também estarem bem.
 
Escrever estas linhas fizeram-me bem. Desabafei esta melancolia e já me sinto muito mais bem disposta. Mais alegre. Mais leve. Mais carioca!
 
Fui!
 
 

domingo, 11 de dezembro de 2011

Lar Doce Lar

Depois da estadia dos amigos Castedo arrumei as malas e, como bons emigrantes, viemos passar o Natal à terrinha. Cheguei a Lisboa na sexta feira mas só agora tenho uns minutos de sossego para escrever umas, curtas, linhas. A viagem correu bem e como sempre não dormi. Cheguei 6ª feira de manhã com os miúdos e o Pedro só chega para a semana. Nessa mesma sexta feira fui passar 4 horas à Loja do Cidadão para renovar o meu passaporte e o do Kiko e do João. Não foi agradavel a espera mas estava tranquila por saber que não iam pedir à ultima da hora papeis que não estavam previstos. Aqui as coisas demoram, ainda, algum tempo mas acabam por acontecer.

Foi estranho chegar e deparar-me com 10 graus, chuva e nevoeiro. Ver a família e amigos já não foi tão estranho. Sinceramente não é falta de sensibilidade mas com as novas tecnologias, e em especial o skype, parece que estamos sempre a par do que cá se passa. Não há aquela sensação de "está mais magro ou mais velho". A minha sobrinha Maria disse-me o mesmo: "Olá Tia, vi-a a semana passada". O mesmo se passa em relação às novidades do país - para quem lê, como eu, diariamente os jornais de Portugal na internet não há noticias novas. Mas o que de facto já não via há muito tempo e que tive saudades quando revi foi da minha Casa. Das minhas coisas. Das minhas molduras com fotografias. Dos meus móveis, cortinados, livros e biblots. Andei a "zanzar" sozinha pela casa, a tentar "beber" toda essa informação visual, na ansia de abarcar tudo e registar tudo na minha memória. Se calhar devia tirar fotografias e levar, para mais tarde recordar. No final desta viagem pela Casa encontrei-me com o Francisco na varanda. Pelos vistos ele tinha feito passeio semelhante ao meu. E disse-me "Mãe, só agora me dei conta das saudades que tinha de casa, das nossas coisas". Um sábio este meu menino de ouro.

Reparo agora que senti saudades de coisas tão simples quanto:
- da minha cama e da minha almofada;
- de dormir sem ouvir barulho de carros na rua;
- de beber água da torneira;
- de usar gel de banho em frascos de 1 litro;
- de ter um carro para usar só eu, quando quero e bem me apetece;
- da minha caneca para o leite com nesquik;
- dos meus aneis, pulseiras e fios de ouro (vou andar estes dias carregadinha de aneis e fios!!!! vão achar de certeza que pareço uma ourivesaria ambulante)
- de telefonar às minhas amigas e dizer que vou lá jantar a casa ou que passo lá em casa antes de jantar para lhes dar um beijinho;
- da missa do Cupav, cheia de alma e de caras conhecidas, que me acompanham nos finais dos Domingos há muitos anos.

E se calhar de mais algumas coisas que de momento não me lembro.

Mas por outro lado também já há coisas do Rio de Janeiro que me fazem falta - sinto falta da alegria e boa disposição daquela gente, de não se falar em crise, troika ou desemprego, de sair de casa e estar automaticamente no meio da confusão da rua das lojas, de ir dar um mergulho à praia ou dois dedos de conversa no café.

A vida é assim mesmo e os Homens uns eternos insatisfeitos. Parece que nunca estamos a 100%, que falta sempre qualquer coisinha.  Mas tenho que agradecer a Deus todos os dias o facto de estarmos felizes, com óptimas casas e vidas, com saúde e com muitos, muitos, amigos dos dois lados do Oceano. Somos uns sortudos e por vezes parece que nos esquecemos disso.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Sem tempo para blogar

Nestes ultimos tempos não tenho feito posts mas a razão é muito válida: tivemos visitas em casa. Os amigos Castedo estão cá desde 5ª feira e amanhã partem para Buenos Aires. Aproveitei para (re)visitar o Rio e fomos a Búzios passar o fim de semana.
Mas o tempo esteve péssimo!
Amanhã toca a fazer as últimas compras de Natal pois no dia seguinte seguimos nós para Lisboa. Só espero que os senhores pilotos da TAP não continuem com a ideia de fazer greve pois não me apetece nada ficar estacionada, com 3 miudos, no Galeão.

Aqui fica uma fotografia de Búzios: eu e os meus Homens!

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Primeiro fim de semana fora do Rio de Janeiro

E ainda bem que saímos, porque choveram os dois dias no Rio.
Angra é um paraíso que eu adoro. Sem barulho e confusões. Pequeno e com água quente. O tempo estava enevoado mas lá se aguentou sem chover. Saímos no sábado do Rio às 8h20 (da manhã!!! o que foi traumatizante para os meus 4 homens) e à tarde andamos de barco. No Domingo ficámos a jiboiar.
Aqui fica parte da reportagem fotográfica. O Kiko não aparece nas fotos mas também foi!







quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Muito estranho

Isto de viver a época do Natal com calor é muito estranho e sinceramente ainda não me acostumei. Hoje está outa vez frescote (para Verão, claro) mas ontem esteve um dia quente, com temperaturas que chegaram aos 37ºC. Estava muito abafado e foi com grande felicidade que recebi uma chuvada intensa ao final do dia. Até fazia fumo. E depois a sensação foi fantástica, podia-se respirar.
Ando pelas ruas e encontro as montras já decoradas para o Natal. Nos shoppings há Pais Natais,renas, neve e trenós por todo o lado. Mas está calor! E o Natal não é assim! Não há castanhas assadas (já agora, sabem quanto custa 1Kg de castanhas no supermercado? 15€!), não há folhas castanhas no chão, não há frio e cachecóis. Mas o que me intriga mesmo muito são os abetos, a "neve", o azevinho espalhados um pouco por toda a cidade. Óbviamente que o Natal é muito mais do que estes enfeites e sinais exteriores - mas acho que o hemisfério sul devia ter desenvolvido os seus próprios adereços de Natal. Por exemplo, o Pai Natal em vez de viver na Lapónia podia viver na Amazónia, andar de canoa e não de trenó. As árvores de Natal serem árvores tropicais imensas, daquelas em que as raízes saiem da terra e têm mais de 2 metros de altura. As coroas de flores em vez de terem azevinho tinham orquideas ou outras flores destas paragens. Ficava muito melhor. Esta história da globalização é uma chatice, porque espalhou de tal forma a imagem "standard" do Natal que não deixa margem para a imaginação actuar.
Este meu sentimento de "Natal desenquadrado" é-me familiar. Sinto-o sempre que em Portugal vejo imagens do Carnaval de Alcobaça/Ovar/...! Um frio de rachar, chuva fria e nuvens no céu. E a malta toda a desfilar em bikini ou outro tipo de mini-indumentária do género. Que lógica tem apanharem todos pneumonias por essa altura? Será que se divertem assim, enregelados de frio? E eu que até gosto de máscaras ... Não seria mais fácil ir tudo com fatos de manga comprida? Há máscaras assim, mais quentes. É escusado apanhar frio.
A propósito de Carnaval, e para descansar a minha amiga Crijú, ... já estamos a tratar do desfile este ano no Sambodromo ... Tenho pavor de multidões e acho que vou arrepender-me, mas já estão a ser tomadas as devidas providências para desfilarmos na Unidos da Tijuca ... Agora, é bom que façam uns banhos de solário porque senão vão destoar de tão branquinhos que vão estar! 

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Estão em casa? Passamos por aí ...

Na semana passada recebi uma mensagem no telemovel (não identificada e com muito ruído) em que apenas deu para perceber "vamos a Santiago do Chile e se estiverem em casa, dormimos aí no Sábado). Não sabia de quem era (não tenho os números de Portugal registados no telemóvel, pois é coisa que não sei fazer de uma forma automática) e o som estava péssimo. Para além disso não dizia o nome ... Fiquei a pensar que se queria cá vir a casa era porque nos conhecia. E aguardei. Ao final dessa tarde fez-se luz, ou melhor, recebi chamada telefónica e fiquei a saber quem iam ser os nossos primeiros convidados!
Mas foi a surpresa de toda esta combinação que mais me agradou. Fez-me sentir de volta a Lisboa, quando estamos em casa Sábado à tarde, sem planos para ir sair, e de repente fazemos um telefonema "Estão em casa? Óptimo, passamos por aí a seguir ao jantar"! Estamos a gostar muito de estar por cá, e também fazemos muitos programas, desde ir à praia a jantar fora. E tudo no mesmo esquema, sem grandes planos e levando tudo "numa boa" e de "amigo não empata amigo". Mas dei por mim a ter saudades deste tipo de programa, com amigos de toda a vida.
Resumindo, a Maria João e o Lino chegaram no sábado ao final da tarde, fomos jantar fora, dormiram no famoso quarto de visitas/multimédia e no Domingo ainda tivemos tempo para ir à praia de manhã e almoçarmos cá em casa. E nunca tinha imaginado que o Rio de Janeiro poderia estar na rota de alguém! Foi óptimo ter amigos de Portugal cá connosco. Nem que por apenas 24 horas.

Quando saíram fiquei com um "nó na garganta". Estiveram tão pouco tempo. E houve aquele sentimento de "eles vão e nós ficamos". Acho que de facto as saudades são maiores para aqueles que ficam do que para os que vão. Quem vai, vai sempre fazer coisas novas, descobrir novas terras, novas pessoas e novos lugares. Vai estar ocupado em desfrutar, em fazer alguma coisa, sem muito tempo para pensar no que deixou para trás. Eu quando viajava em trabalho também ia "numa boa", mas quando é o Pedro a ir eu também fico com imensas saudades. Quem fica ... fica. Na mesma vida, nas mesmas casas, nas mesmas rotinas. E com mais tempo para pensar em quem foi. E a achar que é injusto que os outros não estejam a sentir o mesmo. E por isso com mais saudades. Se calhar estou a ser demasiado complicada nesta minha explicação ...

Vamos a Lisboa em Dezembro, pelo Natal. Vamos estar com toda a família e com os amigos. Mas vamos regressar e quem aí vai ficar se calhar vai ficar mais tristonho do que nós que regressamos. Compreendo isso. Eu teria os mesmos sentimentos. Mas é a vida. Mas pensem que por outro lado sempre que alguém nos vier visitar e a seguir se fôr embora, será a nossa (pelo menos a minha) vez de experimentar tais momentos de saudade. Mas vendo "a coisa" pela positiva: ainda bem que estivemos juntos, ainda bem que conseguimos fazer coisas novas juntos. Não é melhor "estar" do que "não estar"? Mentalizemo-nos para viver em pleno esses dias, em tirar o maior dos prazeres a cada minuto que se vive, sem agruras ou a martirizarmo-nos que o tempo é curto e a prazo. E depois ... depois cada um avança com a sua vida e tenta superar as saudades e a falta uns dos outros. Porque tudo se consegue superar, desde que haja saúde.

Bom, esta foi uma crónica algo melancólica, que não é de todo como me sinto hoje, pois o sol está a brilhar. O tal "nó no estômago" durou alguns minutos, mas desapareceu logo depois de ter respirado fundo! Vou ajudar o Mi a fazer os TPC e depois ... já recebi um sms a desafiar-me para ir à praia!

E façam como a Maria João e o Lino: sempre que estiverem por estas bandas avisem e vêm cá passar o serão!

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Aprender a tirar o melhor de cada dia

Em Lisboa fiz "uns cursos semanais" sobre como tirar o melhor de cada dia, como aprender a ver o "copo meio cheio" e não o "copo meio vazio". Hoje o dia amanheceu cinzento, o que me transtorna sempre. Se eu vivesse na Bélgica ou em Inglaterra iria de certeza viver em depressão profunda durante 300 dias por ano - e acreditem que nunca falei tão a sério nestas minhas crónicas.
Mas pensei em tudo o que tinha vindo a aprender e tentei reagir. E não é que me saí bem nesta árdua tarefa? Fiz duas coisas que me animaram e uma terceira caiu-me do céu (mais concretamente no email) à noite.

Mas vamos por partes:
1. Sou uma historiadora frustrada. Sei que tenho uma visão idílica da História e que se calhar teria adorado ter tirado o curso mas seria profundamente infeliz com a profissão. Mas realmente gosto muito de História. Em Lisboa pensava em que um dia quando me reformasse que gostaria de voltar à faculdade e fazer o curso. Neste momento não estou reformada, embora pareça ... Por isso decidi ir investigar o que poderia fazer por estas bandas. Na PUC (Pontificia Universidade Católica) existe um departamento de História e decidi inscrever-me num curso. Infelizmente o que eu mais gostava (que era de História de Arte) tem um horário muito pesado e sendo uma pós graduação a sério teria de certeza exames (odeio exames e testes ... mas explicar isso daria outra crónica ...). Por isso decidi-me por um curso mais leve, de menos tempo e com aulas só uma vez por semana. Começo no dia 12 de Março um curso chamado "Reflexões sobre a História da Infância no Brasil". Parece ser interessante e o que li da sinopse do mesmo acho que vai valer a pena. No "público alvo" do curso não fala em licenciadas em gestão mas sim em "estudantes de história, pedagogia, serviço social e outras áreas de ciências humanas". Não sou de nenhuma destas áreas, mas não estou minimamente preocupada. Será só uma vez por semana, ao final da tarde, e por uns escassos 2,5 meses. Se eu gostar então logo avanço para coisas mais complicadas. Já transmiti cá em casa este meu "feito" mas ninguém ligou nenhuma ... será que sou um "bicho" assim tão esquisito que estas almas não me entendem? Acho que só agora, que tenho mais tempo para estar mais em contacto com estes 4 seres, é que me começo a aperceber nas grandes e irreparáveis diferenças entre o bico-homem e o bicho-mulher!

2. Fui a uma livraria e decidi esquecer que os meus filhos estavam em casa e perdi-me no meio dos livros. Li excertos de livros, zanzei por ali sem pressas e sem horas contadas. Estive algumas duas horas por lá e no final decidi-me por trazer um primeiro volume (de 5) da História do Brasil e 4 romances do Machado de Assis. Li algures que tal como é fundamental ler a obra do Eça de Queiroz em Portugal, é fundamental ler Machado de Assis, se se quiser conhecer um pouco de literatura brasileira. Por isso, e porque adoro o Eça, acho que tenho que dar uma oportunidade ao Machado de Assis e dar este primeiro mergulho na literatura brasileira. Já li obras do Jorge Amado mas sinceramente já foi há tanto tempo que nem me lembro bem. E fiquei toda contente porque consegui versões bem baratinhas.
Quando cheguei a casa os miúdos nem tinham dado pela minha falta - o Kiko tinha ido à explicação de matemática e os outros dois tinham cá em casa amigos para brincar. E acho que tenho que me habituar a esta ideia - os miúdos cada vez mais não sentem a minha falta ... o que por um lado é bom, porque é sinal que eles estão a crescer, mas que por outro lado me dá um certo amargo de boca. Tenho que aprender a lidar com esta questão com mais ligeireza e sem me ressentir, porque ela não vai regredir. Porque a vida é assim mesmo - a vida deles é deles, e a minha é minha. E cada um tem obrigação em pensar na sua vida. Custa e dói um bocadinho... especialmente quando a nossa cabeça não anda muito ocupada, quando temos tempo para nos ressentir. E infelizmente, eu sou de me ressentir ...

3. Finalmente, e depois de me deliciar com mais um episódio da Anatomia de Grey (que AMO!), fui ao email e tinha uma mensagem da minha querida amiga Gioconda! Vou responder-te ao email, mas adorei recebê-lo! Foi a cereja no topo do bolo e assim terminei o meu dia em beleza.

Este foi um dia que nasceu cinzento mas que consegui que ficasse mais ensolarado. Fico contente comigo mesma por ter provocado esta "mudança metereológica". É claro que se tivesse amanhecido com sol e calor nada disto teria acontecido e tinha ido "curtir uma praia", que continua a ser uma das coisas que mais gosto na vida e que mais feliz me deixa.

domingo, 13 de novembro de 2011

R&V - parte 2

Fiquemos todos descansados - tal como previsto decorreu hoje de madrugada a entrada na Rocinha e no Vidigal e não houve qualquer tiro ou outro tipo de problema. Foi pacífico e rápido.
Acho que apenas nós que aqui vivemos demos alguma importância ao assunto. Em jornais de Portugal o assunto foi remetido para "pés de página", como sendo mais um dos muitos "fait divers" deste país.
Mas sinceramente acho que este momento foi histórico para o Rio de Janeiro e para o Brasil. Neste país, com tantas riquezas e em tão grande crescimento, a questão da segurança é fulcral. Sem segurança não podem avançar, não podem captar mais investimentos, não podem realizar grandes eventos internacionais, não podem afirmar-se no mundo como uma grande potência. A entrada das forças de segurança na Rocinha e no Vidigal foi um grande passo para alcançarem uma maior segurança na zona sul do Rio e consequentemente no Brasil.

Acho que se tivesse corrido mal, que se tivesse havido tiros, feridos e mortos, então seria uma notícia internacional, com direito a primeiras páginas e abertura nos telejornais de todos os países do primeiro mundo. Pelo menos em Portugal assim seria - uma tragédia, uma desgraça, o erro de outros, fazem vender jornais e aumentar audiências. Como correu bem, acho que vai aparecer, misturada com outras notícias, sem grande interesse ou destaque.

Quando a Madeira sofreu aquelas chuvadas horriveis os telejornais e jornais andaram durante semanas a mostrar as imagens daquele horrível sábado. Em Portugal e em todo o mundo. Não se deram depois ao trabalho de ir ver como tudo estava passado 1 mês. Porque, infelizmente, isso não dá audiências.

Mas o que interessa é que correu bem. Agora é esperar que continue a correr bem e que não haja grandes problemas. Como o dia está enovoado e frescote não vai dar para ir à praia. Porque se o sol estivesse a brilhar era certo que as praias irião estar cheias de gente.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Os nossos vizinhos da Rocinha e Vidigal

Foi anunciado, no passado fim de semana, que o BOPE (polícia de operações especiais cá do sítio) iria entrar nas favelas da Rocinha e do Vidigal no dia 13 de Novembro. E quando digo anunciado refiro-me a informações nos jornais e nos telejornais.
Como recém chegada achei muito estranho este anúncio - então dizem aos bandidos quando é que vão entrar na favela? E eles não fogem? As respostas que fui obtendo a estas perguntas eram todas elas no mesmo sentido: têm que avisar para evitar morte de civis e dar tempo às pessoas para sairem, com as suas famílias, das favelas; e sim, é provavel que os bandidos fujam antes de eles entrarem. Ambas as respostas me fazem sentido, especialmente a primeira se se atender ao lado humano de poupar vidas a inocentes.
Ontem o Pedro foi para São Paulo e por isso eu fiquei com o carro. A meio da tarde fui deixar o João à Gávea a casa dos Solla e depois fui buscar o Mi à escola. Para diminuir o meu tempo de chauffer, e evitar andar a entrar e a sair, fui directa da escola para a Gávea. Deixem-me que acrescente que no cimo da Gávea é uma das entradas da Rocinha. Estave eu e a Patrícia com a bébé em animada cavaqueira na varanda, a aproveitar um ventinho de fim de tarde que sabia muito bem e com os 4 miúdos a brincar em silêncio, quando começamos a ouvir uns helicópteros. Achei estranho tantos helicópteros. Mas nem dei importância, pois é "bicho" que existe em grande quantidade nesta terra. Tranquilamente regressei a casa a tempo de ir pôr a picanha no forno para o jantar desta malta. Qual não é o meu espanto quando no noticiário da noite vejo que o "braço direito" do principal bandido da Rocinha (conhecido pelo "Coelho" por causa das orelhas de abano que tem ...) tinha sido apanhado, ao final da tarde, em plena Gávea, em frente ao shopping. Ou seja, afinal havia explicação para os helicópteros. O "cara" estava a fugir num carro, com a ajuda de uns tipos da polícia militar e da polícia municipal. Foram todos dentro. Eu não dei por nada, a Patrícia idem, e a maioria das pessoas também não.

Hoje de manhã ao ler o jornal vi que de madrugada apanharam o bandido principal (um tal de Nem) em plena Lagoa Rodrigo de Freitas, em frente ao clube naval, dentro de uma bagageira de um carro.
Ou seja, eles marcaram a invasão da favela para Domingo, mas pelos vistos, desta vez, fizeram o trabalho de casa e prenderam os principais bandidos antes de entrarem. Fiquei tão feliz com esta novidade que decidi que afinal não ia nada ficar em casa fechada (não se esqueçam que a Rocinha e o Vidigal ficam já a seguir ao Leblon ...) e fui para a praia! Coincidência ou não, tomei o meu melhor banho desde que cheguei ao Rio. Numa praia fantástica, super sossegada, cheia de mães com crianças pequeninas a brincar. Ao almoço o João perguntou-me se eu sabia o que era "contraste social". Apeteceu-me dizer-lhe "hoje de manhã a praia". Porque de facto atrás de nós estava a favela do Vidigal, com pessoas que se calhar não sairam das suas casas, nem foram à escola ou ao trabalho, com carros de polícia a fazer os preparativos para lá entrarem; e ao mesmo tempo eu e a Patrícia Solla, com a bébé na maxicozi, debaixo de um chapéu de sol, a conversar, tomar banhos e a bebermos côcô gelado. Para mim este é de facto o contraste social no seu estado mais puro.
Claro que não respondi assim e elaborei a coisa, não fosse o miúdo pensar que eu sou uma burra. Mas a resposta não anda muito diferente do quadro que atrás relatei. Sempre soube e vi estas diferenças sociais abismais, tão características do Rio, de todo o Brasil e de toda a América Latina, e impensáveis nos chamados países do primeiro mundo. É impossível estar no Rio e não ver estas diferenças, pois as favelas estão junto aos outros bairros. Mas começo a perceber que se aprende a viver com elas no dia-a-dia. Custa-me obviamente saber que há tanta gente pobre, mas honesta, ali ao lado. Mas o que posso eu fazer? Posso mudar alguma coisa? Adianta fechar-me em casa e não viver fora de casa, para não ver e saber que existem favelas? Adianta eu não ir à praia, ao cinema, ao calçadão? Acho que, infelizmente, não adianta. E que tenho que continuar a fazer a minha vida, com as cautelas necessárias, sem arriscar e ir para zonas perigosas (por exemplo já não uso relógio desde que cá cheguei). Mas deixando os miúdos irem brincar para casa dos amigos, o Kiko ir aos seus treinos de andebol, futebol americano e sair com os amigos. E rezar para continuar tudo pacato e a viver com o sentimento de plena segurança com que de facto vivo desde que cheguei. Porque muitos de vocês podem não acreditar, mas de facto nunca senti, desde que cá cheguei, qualquer receio ou medo de andar sozinha ou com os miúdos. E eu não sou especialmente afoita, até só um bocadinho mariquinhas.
Vamos lá ver como é que se passa tudo no Domingo, mas acho que vai ser tranquilo e que vamos estar "numa boa".

A questão da segurança é fulcral nos dias que correm para o Rio de Janeiro, futuro palco da Copa do Mundo e das Olimpiadas (que sinceramente custa a acreditar que vão acontecer porque ainda não está nada feito ...). Acho que eles não podem facilitar neste campo, especialmente aqui na zona sul do Rio, com perigo de assustar estas organizações internacionais e tudo ser cancelado. Este primeiro passo de entrar na Rocinha e no Vidigal é fundamental para a pacificação desta zona e de toda a cidade, pois é aqui que se situam os bons hotéis, os restaurantes, o comércio. Vai ter que ser uma batalha ganha. A bem ou a mal. Espero sinceramente que a bem. Afinal o "Nem" e o "Coelho" já estão dentro. Faltam só os outros!

sábado, 5 de novembro de 2011

Um sábado em grande!

Este foi um sábado muito bom! Tão bom que me apetecia carregar na tecla de "rewind" e viver tudo de novo. Não julguem que teve nada de transcendente ou inatíngivel. Mas foi a sua simplicidade que me entusiasmou.

Começou por termos ido jantar ontem à noite para a casa de uns amigos. Uma festa de aniversário surpresa para a dona da casa. Que como se prolongou pela noite acho que posso dizer que já fez parte deste sábado. Conversa animada, um bom jantar, óptimos vinhos portugueses e ir e vir a pé (este último detalhe é importante pois era algo que nunca faziamos em Lisboa, pois vivemos sempre longe dos amigos e nunca vamos a pé para lado nenhum).
Acordei cedo e tomei sozinha o pequeno almoço na varanda. Um luxo. Ainda liguei o iPad para ler o jornais de Portugal, mas o tom era tão terrível e os ventos que sopram da Europa eram tão frios, que desliguei e prometi a mim mesma que hoje não iria tentar ver mais notícias.

Consegui levantar esta malta da cama relativamente cedo e fomos para a praia. Tudo combinado por torpedo (torpedo = sms) e sem grandes complicações. Estava calor mas uma brisa agradá\vel e os miudos andaram entretidos a brincar uns com os outros e nós a conversar e a torrar ao sol. Banho nem pensar porque a água estava à temperatura da Arrábida (só o Mi é imune a estas questões da temperatura da água e tomou banho). E quando não se tem nada para fazer, o que se faz? Planos para almoço, claro. Nós, os adulto,s fomos todos comer feijoada e beber choupe para um restaurante fantástico no Jardim Botânico e os miúdos levaram hamburguers da lanchonete da esquina e foram para casa dos Solla ver filmes. O Kiko não fez nenhum destes programas porque hoje tinha treino de futebol americano de praia em Botafogo. Depois de tão bom almoço (mais de 2 horas que passaram a correr) ... uma sesta fantástica! E jantamos em casa um frango de cerveja que a Eunice deixou feito!

Como podem ver foi tudo "sem stress", de havaiana no pé, sem horas pré estabelecidas, sem programa pré definido.Até parecia que estavamos de férias no Algarve. E foi esta simplicidade, ir deixando passar o tempo e ir decidindo o que se faz a cada momento, que me encantou. Foi viver cada um dos momentos a seu tempo. Foi cada um fazer aquilo que gosta - nós estarmos na praia e almoçar fora só com adultos, o Kiko ir com os seus amigos fazer desporto, os miúdos comerem cheeseburgers e estarem em casa a ver filmes e a jogar sem ninguém os chatear.

Amanhã é Domingo. Quem sabe não se repete tudo novamente?

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Natal 2

Só hoje me dei conta que a minha missão para este Natal vai ter uma dificuldade acrescida: o Mi ainda acredita no Pai Natal ... Como é que eu vou conseguir levar a minha tarefa adiante sem o fazer desconfiar de nada? Porque acho que um dos dias mais tristes que tive foi quando descobri que o Pai Natal não existia. E a minha história do Pai Natal era diferente daquela de hoje em dia. Para mim o Pai Natal era uma versão doirada da Fedex ou DHL ou UPS. Quem escolhia e nos dava as prendas era o Menino Jesus. O Pai Natal mais não era que o homem encarregado de as entregar. Tipo "homem das pizzas". Nunca dei por isso tanta importância ao "Velho das Barbas". Quem recebia as cartas era o Menino Jesus e era ele que ajuizava se mereciamos ou não o que tinhamos pedido.

Já defendi vários anos junto dos meus filhosmais velhos esta teoria Pai Natal = Sr. da Fedex. E eles acabaram sempre por concordar comigo, até porque no colégio as educadoras tinham uma opinião parecida com a minha. Mas agora ir explicar que o Menino Jesus não manda as prendas é que vão ser elas ...
Com o Kiko foi fácil: no último ano em que acreditou parcialmente no "dueto Pai Natal/Menino Jesus" ainda consegui prolongar a magia desta história dizendo que de facto eram os Pais/Avós/Amigos que compravam, mas apenas e só porque o Menino Jesus nos tinha dado saúde para trabalhar e por isso juntar dinheiro para lhe comprar os presentes. Acreditou. E não melgou com mais perguntas (ele até nisso foi um menino bonzinho!).

Já com o João foi diferente - fez-se de desentendido (cá para mim para não se ver obrigado a comprar nada ...) e depois do Natal foi ele mesmo que me explicou que não havia Pai Natal, que o Menino Jesus não nos enviava nada e que eram mesmo os Pais/Avós/Amigos que compravam aquilo que ele queria. Ainda acrescentou que se a nossa teoria do Natal fosse verdade não haveria pobres no Mundo. Ouvi e calei. E concordei. E ainda tentei "vender" mais uma vez a história que tinha contado ao Kiko, para tentar prolongar o momento, mas ele não me ligou nenhuma.

Agora com o Mi ... ele é o meu bébé! Se ele deixar de acreditar no Pai Natal ninguém cá em casa vai acreditar! E eu não quero isso! Porquê? Porque é que eles têm que crescer? Como é que eu vou viver o Natal sem ter um sere vivo na minha casa que acredita na história do Natal? Acho que esse momento marca o início da pré adolescência. E sinceramente eu já tenho um adolescente e um pré adolescente em casa. Não quero, nem preciso de mais. Dois já são demais, não preciso de um terceiro.

Já sei! Se o Mi me vier com perguntas, vou negar tudo! Vou dizer que ele está enganado. E que se alguém lhe disser o contrário que venha falar comigo! O Mi vai ter que acreditar ... nem que seja só mais um ano ...

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Natal!

A minha avó Palmira era uma pessoa muito organizada, tinha envelopes com dinheiro separados por rúbrica e diversas listas. E também as datas e festejos estavam organizados: e a seguir ao meu dia dos anos surgia sempre uma frase do género "E agora o Natal está outra vez aí. Temos que nos organizar". Diga-se de passagem a minha Mãe também tem a mesma capacidade de organização. Eu ... depende. Durante muito tempo fui super organizada e fazia questão de chegar ao final de Novembro com os presentes já "arrumados". Nos últimos anos, e à conta de trabalhar longe do centro da cidade, fui-me desleixando e só conseguia terminar tal tarefa até ao meio de Dezembro. Este ano sinceramente nem sei como vou fazer, porque tenho tempo (pouco!) para pensar nisso, mas só de pensar que tenho que carregar tudo para o outro lado do oceano ...

Mas eu sempre adorei a época de Natal e este ano não vai ser diferente, por isso decidi começar a viver o espírito natalício já a partir de amanhã! E a minha tarefa este ano vai ser ainda mais árdua: tenho que meter na cabeça dura dos meus filhos que dá mais gosto oferecer do que receber. Vai ser, e com muita pena minha, uma tarefa difícil. Acho que não são só os meus filhos, mas hoje em dia todos os miúdos 8e alguns graúdos ...) parecem que não perceberem que dar e receber tem o mesmo gosto. Será que algum dia vão ter o prazer de oferecer alguma coisa a alguém e ter prazer com o prazer do outro? Aflige-me pensar que eles não conseguem desfrutar desse gozo imenso de ver uma pessoa a gostar daquilo que escolhemos especialmente para lhe oferecer. Porque comprar coisas por atacado, para despachar e ficar resolvido toda a gente consegue - basta ter o cartão multibanco à mão. Mas pensar no que uma pessoa pode gostar, no que se calhar ainda não pensou que gosta mas que quando vir vai ter uma surpresa e vai adorar, é um prazer imenso. Acho que se eles não aprenderem isso nunca vão conseguir, também, ter o prazer pleno de receber. E o mais provavel é que em todos os Natais da sua vida vão receber boxers, meias e chocolates!
Vai ser difícil, e por isso é que tenho que começar JÁ, para ver se nestes quase 60 dias tenho algum tempo para conseguir ter sucesso. Nos últimos Natais não tenho tido tempo para sair com cada um deles e para ir planeando e guiando as suas cabeças. Acabo sempre no final, com a falta de tempo, em dizer-lhes para fazerem um desenho e assim ficarem despachados (desenho esse que é feito também à pressa, comigo a dar a ideia e a ajudar a pintar). Mas este ano tenho tempo (pouco!), por isso vou dedicar-me a fundo a este tema. Decidi que vai ser a minha missão de Natal. O mais provável vai ser eles ficarem-me a odiar, mas pelo menos vou ter a consciência tranquila de que pelo menos, uma vez na vida, tentei.

Mas para mim o Natal também tem muito a ver com os famosos "enfeites de Natal". Sou daquelas parvas que todos os anos desce a Av da Liberdade e vai à Baixa e ao Chiado ver as luzes à noite. Eles odeiam ir, mas vão. O Pedro obriga-os e eles, fechados dentro do carro, lá vão a resmungar. E eu lá vou toda contente, a ver as luzes e a tecer os meus comentários. Sim, porque os comentários do banco de trás do carro resumem-se a "que seca! quando é que podemos voltar para casa? Isto é uma seca para pirosas!". Mas vão todos os anos, porque para mim é importante ver as luzes com eles, e não sozinha (eles também não percebem esse meu gosto em ver as luzes com eles...)! Azar, quando deixarem de viver lá em casa logo podem deixar de ir. Por enquanto faz parte da condição de "filho dependente", que é o que eles são!
Este ano, quando regressar "à terrinha" este passeio vai-se repetir. Mas mal sabem eles que vão ter dose a dobrar!!! Hoje passei na Lagoa Rodrigo de Freitas e já estão a montar a árvore de Natal gigante! Vou ter que dar várias voltas à Lagoa para a poder ver vezes sem conta, de todos os ângulos e mais alguns.
Vamos passar o Natal a Lisboa mas a época natalícia vai em parte ser vivida aqui. Mais uma experiência nova nas nossas vidas. Ver preparativos de Natal com mais de 30ºC vai ser único. Já começaram a haver imensos enfeites nas lojas - e a cidade já está a caminho de se tornar uma cidade nórdica. Porque, por estranho que pareça, o Pai Natal continua a estar entrouxado de roupa, com umas botas enormes e um casaco muito grosso e gorro na cabeça. Renas há imensas (!!!!) e flocos de neve e coroas de azevinho também! Não trouxemos nenhum enfeite de Natal de Lisboa (a bem dizer não trouxemos nada para além de roupa de vestir ...) mas acho que vou perder a cabeça e comprar um presépio e um pinheiro de Natal! Pequenos, claro, para não gastar dinheiro. Mas não tem graça nenhuma ter uma casa sem nada. Ou então opto por adoptar a visão do meu irmão de "O Natal é quando um homem quiser" e que quando os meus Pais estiveram nos States só desmontou a árvore de Natal em Maio! Faço o mesmo e trago em finais de Dezembro os meus enfeites de Lisboa e deixo-os na sala até ao Carnaval.

Hoje estou sozinha ao serão: o Pedro está em São Paulo toda a semana, o Kiko foi para uma festa (amanhã é feriado cá) e os pequenos estão com um amigo a brincar no quarto multimédia/de visitas. Tenho que ir deitá-los (o Frederico dorme cá) e ir ler um livro que adoro que pedi emprestado (Cem anos de Solidão., Mas estive a ver um filme de Natal e por isso lembrei-me que está quase a chegar a época do ano que eu mais gosto. E vendo as coisas pelo lado mais positivo - vou ter duas das coisas que mais gosto na vida juntinhas ao mesmo tempo: Natal e Praia! Estou em pulgas para ver o que vai dar esta mistura!

Até amanhã!

P.S. Mãe, não façam o presépio nos Cajados sem eu chegar! Só eu é que sei fazê-lo e se não fôr eu a colocar as figuras nos sítios certos fica tudo mal! O presépio tem que ficar IGUAL ao que sempre foi e com o qual me identifico desde pequenina.

Consegui!

Fui buscar o carro do Pedro ao hotel e consegui vir até casa sem ser parada pela Polícia !!! Desta vez ia munida de toda a papelada, carta de condução, passaporte, etc etc e o carro já tem placa, para evitar problemas!
Os dias estão cinzentos e não dá para ir à praia :(. Amanhã é feriado e tenho que descobrir o que fazer nesta cidade com 3 pestes que só querem ficar em casa na Playstation ...
Não tenho nada para contar ... a nossa vida continua traquila e as rotinas mantêm-se. Na falta de inspiração para escrever mais algumas linhas acho que hoje fico por aqui. Bom feriado a todos!

domingo, 30 de outubro de 2011

Parabéns a mim!

Pois é, mais um ano passou e ontem foi o meu aniversário. O primeiro festejado fora de Portugal. E correu tudo bem.
Na sexta feira fomos convidados para jantar em casa de um casal amigo, a Patrícia e Zé Solla. Quando estavamos a sair, já um bocadinho atrasados (porque será?!) ... aconteceu-me algo que nunca me tinha acontecido. Dei-me conta que estava a levar os miúdos e que não tinha perguntado se era suposto eles irem. Liguei e claro que não era suposto. Mas naquele momento não havia mesmo outra hipótese, porque para além do Mi e do João estarem todos satisfeitos porque iam brincar com o António e o Frederico eu não tinha nada descongelado para lhes dar de jantar. E assim lá fomos, eu bastante envergonhada com a situação e eles todos numa boa. Sinceramente foi a primeira vez que isto me aconteceu. Mas acabou por não haver problema e acho que o meu deslize foi perdoado pelos donos da casa! Senti que ainda bem com os Solla, porque conhece-os à pouco tempo, mas são muito descontraídos e nada lhes parece fazer confusão - 4 filhos e 1 cadela só podem ser a razão desta descontracção!
Foi um jantar e um serão super agrádavel("muito gostoso", na gíria local) e conhecemos dois casais que também cá vivem. Começo a descobrir que há muitos portugueses no Rio de Janeiro e qualquer dia a nossa agenda social está completamente preenchida. Foi giro estar com pessoas que têm vivências tão diferentes da nossa mas ao mesmo tempo principios, valores e passado tão parecido. Um dos casais viveu imenso tempo em Angola e agora estão cá. Para esses os "dramas" dos supermercados não fazem sentido porque em Luanda nem supermercado havia. O outro casal ela é portuguesa e casou com um brasileiro, por isso vive cá há mais de 20 anos.
Apaguei as velas à meia noite juntamente com o Frederico Solla que fez 8 anos (no mesmo dia do que eu!). Já não me lembro do que fiz no dia do meu 8º aniversário, mas devo ter tido direito a meninos a brincar lá em casa, mousse de chocolate, sumos dawa e a brincar "escada a baixo, escada a cima" nas traseiras lá de casa. E a 1.000 escudos da Avó Rita - esse era o presente habitual e por isso nunca me vou esquecer do valor.
Ficámos lá em casa até às 3h00, na varanda, a conversar, a beber vinho branco e a aproveitar o luxo de estar uma noite de Verão Algarvio.
No sábado, verdadeiramente o meu dia de anos, durante o dia não fiz nada de especial. Fomos almoçar a Ipanema a um buffet de japonês.
Falei por skype com família e amigos, o que é sempre bom. Está frio aí em Lisboa! Pelo menos as roupas assim o faziam parecer.
No sábado à noite contratámos uma senhora para cá dormir e tomar conta dos pequenos (o Kiko tinha programa, para variar) e fomos jantar com 3 casais de amigos portugueses. Amei! (ver o porque deste verbo em crónica anterio!). Primeiro porque foram elas que organizaram e eu não tive trabalho nenhum; segundo porque é bom sentir que estas amizades recentes começam a ser fortes e que crescem a cada dia que passa; terceiro porque o restaurante era muito simpático, a comida óptima e a poucos minutos a pé de casa.
Mas o melhor mesmo de tudo é sentir que há alguém que gosta de nós e que se importa connosco nestas datas importantes. E esse sentimento é especialmente importante quando estamos longe da família e de amigos de toda uma vida. Porque esses nós sabemos perfeitamente que gostam de nós, que se lembram de nós, que se preocupam com aquilo que nós possamos desejar ou gostar. Mas ter tido a Sofia, as Patrícias e a Sónia (e maridos, claro), preocupadas comigo e como eu ia estar nesse dia, deixou-me emocionada e feliz. Talvez esteja a ficar cada vez mais sentimentalona (deve ser da idade), mas estes pequenos gestos ganham cada vez mais importância para mim. O que levamos desta vida são o carinho daqueles que nos rodeiam e a felicidade de dar e receber alegrias. Lembraram-se de mim, que só cheguei à meia duzia de dias. E fiquei tão contente com isso!
Deram-me o melhor presente que eu poderia querer - um bikini da Lenny! Quem me conhece sabe que tenho uma "panca" por bikinis, pelo que adorei. Pena que hoje o tempo não estivesse nada de especial, porque senão já tinha ido à praia estreá-lo.

Ontem lembrei-me imenso da nossa festa de 40 anos, na Pousada de Palmela. E pensei que ainda bem que a fizemos. Nunca devemos "deixar para amanhã o que podemos fazer hoje", e ainda bem que fizemos a festa, que ficará para sempre na minha cabeça como uma festa em que juntei familia e todos os meus amigos, em que os meus filhos estiveram todos presentes (tinhamos feito algo semelhante anteriormente mas eles não estavam ... refiro-me à minha festa de casamento!), em que dançamos até às tantas, em que me diverti à grande. Em que o Pedro estava sempre lá, ao meu lado, a gostar tanto como eu e a divertir-se tanto como eu. Agora imaginem se não tivesse feito a festa! Nunca ia ter essas boas memórias para recordar!

Hoje à noite vou receber os meus presentes enviados de Lisboa. Ou seja, 3 dias a festejar os meus anos. Fantástico, não?


Em cima fica a fotografia do jantar de ontem. Da direita para a esquerda: Tó, Sónia, Cláudio, eu, Pedro, Patrícia, Bruno e Sofia. Faltaram os Sollas que tinham o aniversário do Frederico.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Amo Você!

Ontem fui a uma reunião de Pais da sala do Mi. Quando lá cheguei achei que ia ser igualizinha a uma reunião de Pais de Lisboa - 95% das presenças eram de Mães e não de Pais. Continuo sinceramente sem perceber porque é que se chamam reunião de Pais, se são as Mães, deste e do outro lado do oceano, que vão a estas reuniões. Mas depois de começar a reunião percebi que há diferenças grandes. E essas diferenças são o ADN de cada país, de cada povo, de cada cultura. Em Lisboa as reuniões demoravam no máximo 50 minutos e cheguei a ter uma durante um jogo do Mundial com Portugal a jogar. Eram acertivas, falava-se do que os meninos andavam a aprender, dizia-se quais as matérias dos meses seguintes, recebiam-se todas as instruções, e acabavam. E as Mães e a professora ficavam contentes com o resultado da reunião. Aqui não. A professora começou por dizer que amava os nossos filhos. Que eles eram lindos e umas pessoas adoráveis. Depois entregou-nos uma cartinha feita por eles em que os próprios explicavam a experiência que tinham vivido no colégio durante o ano. E todos tivemos que ler alto o que os miúdos escreveram: amo o colégio, amo a minha professora, amo os meus amigos, amo o recreio, amo brincar, amo pintar, amo os Tios (chamam tios aos auxiliares de educação), amo meu uniforme, amo aprender, amei estudar os bichos, amei a aula de arte. Tudo ... AMO. E acho extraordinário, e tenho até uma ponta de inveja, a facilidade e o à vontade em dizer, de uma forma sincera e do fundo do coração, AMO. Tão diferente dos portugueses, que parecem ter medo em expressar e verbalizar os seus sentimentos. Eles desde pequeninos que vivem com a palavra amor e que gostam da utilizar. Em Portugal não é assim. Gostam, e já vai com sorte. Ou gostam muito. Mas amar é mais do que gostar muito. É ter prazer em gostar muito.
Sinceramente achei lindo, até porque muitos das Mães acrescentavam que também amavam a Sílvia (a professora) e que lhe agradeciam do fundo do coração o amor que ela tinha dado aos filhos ao longo do mês. Ou seja, estivemos mais de uma hora a ouvir e a trocar juras de amor. Fui a última a falar e no meu estado de espanto perante aquilo que estava a ouvir fui ... portuguesa e só consegui agradecer a forma acolhedora com que o Mi foi recebido, pela Sílvia e pelos colegas. Senti-me gélida, fria, mas não consegui verbalizar "Amo a Silvia e amo os vossos filhos por eles amarem o meu".
A caminho de casa lembrei-me que se calhar a minha reacção se deve à Sra. D. Margarida (a minha famosa professora da 4ª classe, coxa, salazarista até à ponta dos cabelos e que me ensinou muito de português, matemática e história mas que era uma perfeita nulidade em termos afectivos). A Sra. D. Margarida tinha uma frase histórica, que gritava da ponta da sala enquanto batia com a bengala no chão: de cada vez que um de nós deixava escapar algo com "Eu adorava ir ...." ela imediatamente, com a sua voz de trovão dizia "Adorar só a Deus. A menina tenha tento na língua". Quando a frase começava por "Quero ir à casa de banho" a resposta vinha "Querer só a Deus, a menina quando muito pode dizer Queria ir à casa de banho". Agora imaginem qual seria a reacção se ela ouvisse dizer "Amo você"! Teria uma apoplexia certamente. Mas de facto acho que só verbalizamos a palavra AMO com pessoas que nos estão extremamente próximas - com namorado/marido ou com filhos. Acho que nunca disse a mais ninguém que os amava. Que adoro sim - os meus Pais, os meus Avós, os meus sobrinhos, aos meus amigos. Agora, amo? Que estupidez, não é? Mas se é o que sinto, porque não dizê-lo? Pois então: Mãe, AMO-A. Pai, AMO-O. Tó, AMO-TE. Mia, Né e Guigas, AMO-VOS. A todos os que têm pachorra para ir lendo este blogue, AMO-VOS!
"Pôxa", tou bem mais feliz!
Claro que se a reunião tivesse demorado menos tempo também teria amado!

Hoje fui andar de manhã, entre as 7h00 e as 9h00. Custou-me! Fiz gazeta uns dias e claro, fiquei cansada. Mas custa-me sair da cama. E há certas coisas que não mudam com a idade e o desporto sempre foi uma ... dificuldade. Mas depois sabe-me bem. Tenho que me obrigar a ir mais vezes. Mas acho que nunca vou dizer "Amo caminhar", quando muito "Gosto de caminhar".
 Quando cheguei a casa ligaram do colégio porque o João voltou a ter dores de barriga. Fui buscá-lo e já falei para o pediatra. Vamos lá ver se ainda lá consigo ir hoje. Continuo a achar que é stress (eu na época de exames tinha dores horríveis nos joelhos e até se chegou a pensar que era reumatismo! Qual quê, era nervoso!). Mas pode não ser e convém estarmos 100% certos que não é nada de especial. Serão lombrigas?

E pronto. Acabo por aqui a minha crónica de hoje. E pensem no que escrevi acima: a quantas pessoas vocês nunca disseram que as amam e que já deviam ter dito?

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Mais compostinha

A nossa casa ficou hoje um bocadinho mais composta. Chegaram as cadeiras da varanda, as nossas mesas de cabeceira e o sofá para a frente da TV da sala. Aos poucos e poucos está a parecer uma casa a sério. Agora tenho mesmo que ir comprar os candeeiros para o nosso quarto, para colocar em cima das ditas cujas mesas de cabeceira.
E tenho que reforçar a minha lista de coisas a trazer da casa de Lisboa. Eu e as "listas" - enquanto trabalhava tinha listas de "To Do's" exaustivas. Agora tenho listas de supermercado, de coisas a trazer de Lisboa, de recados para fazer. Como diz o outro,"Cada um tem o que merece!".
Mas tenho mesmo que trazer o tapete de Marrocos, e fotografias !!! Quanto a quadros, e como não são fáceis de transportar, descobrimos na feira dos hippies de Ipanema um pintor que faz uns quadros giros, "a metro" - dizemos de qual gostamos e ele pinta na dimensão que precisamos :) Se estiver mau tempo no Domingo e não fôr à praia temos que lá ir. Porque entre uma tarde na praia e quadros nas paredes a escolha é obvia - praia!

Comecei a fazer umas recolhas bibliográficas sobre locais de interesse a visitar aqui perto do Rio. Quero ter um guião pronto a ler sempre que formos fazer uma destas visitas culturais. Vou ter que arranjar outro nome que não "visitas culturais" porque senão os meus queridos filhos dizem logo que não querem ir. Só me lembro do meu desalento e do Pedro a mostrar Veneza aos miúdos e o Mi a dizer "Tou farto disto! A cultura é uma chatice! Quero ir para o hotel jogar playstation"! Pérolas a Porcos, foi o que senti na altura. E que se calhar vou sentir novamente. Mas, mesmo contrariados, acho que eles vão ter que ir. E mais, ainda me vão agradecer (não sei é quando!).

Comecei hoje por Petrópolis, cidade imperial, que fica a 1 hora de distância do RJ. Mas temo que estes guiões só vão fazer sentido para mim - entusiasmei-me de tal forma pela história da cidade, que só a parte histórica já vai em 13 páginas A4. E ainda falta muita coisa. Acho que ninguém vai querer ler, mas ... que se lixem! Eu gosto, e pronto.

Peço a todos aqueles que já têm reserva feita na Pousada Reimão que me indiquem algum local que tenham especial gosto em visitar, para eu com tempo (porque a minha vida é muito preenchida! Podem não acreditar, mas é) preparar o tal guião.

Fui!

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

O verdadeiro (?) Brasil

No sábado o tempo esteve tristonho e só fomos à tarde ao Jardim Botânico. Recomendo a todos os nossos futuros visitantes este passeio. O Jardim é lindo, muito bem tratado e fiquei com imensa vontade de lá voltar e fazer a visita guiada. É enorme, muito verde, com muitas cascatas de água e o engraçado é que fica mesmo no meio da cidade.

E pela primeira vez desde que cheguei ao Rio, guiei. Regressei do Jardim Botâncio para casa. E à noite tive uma das experiências mais .... caricata, exótica, estranha, nem encontro palavras para a descrever.
Antes de a descrever convém referir que cá os carros saiem dos stands sem matricula. Compra-se o carro e tem-se 15 dias para tratar da dita cuja (que cá se chama placa). Disseram-nos (no stand e os restantes portugueses) que mesmo sem placa poderíamos andar sem problemas com o carro. Ora no sábado à noite, para o Kiko não ter que andar mais de táxi, eu quis ir levá-lo a casa de um amigo. Iamos os dois contentes e felizes na Lagoa Rodrigo de Freitas quando vejo uma carro da polícia atras de mim, com as sirenes ligadas e a fazer sinais de luzes. A custo lá percebi que era para mim. Parei e lá expliquei que o carro era novo e que me tinha esquecido da carta de condução em casa. Eles avisaram-me logo que eu não podia andar com sem placa, que isso era uma infraccção gravissima. Foram simpáticos e até vieram atras de mim até casa para eu vir buscar a carta de condução. O Kiko seguiu viagem de taxi. Chegada à porta de casa começaram com umas histórias terríveis que implicavam imensas chatices. Uma novela! O Pedro entretanto estava lá em baixo com a minha carta de condução, que não serviu de muita coisa porque não estava traduzida .... Enfim, uma confusão. O rol de multas que eu ia apanhar é maior que uma lista de supermercado. Ao fim de alguns minutos eles lá nos disseram que tinham falado com o major e que podiamos resolver tudo ali desde que lhes pagassemos. E pagámos (em notas, claro)! E ficou tudo como se nada tivesse acontecido. Fiquei DOENTE com o que pagámos, mas de facto a coisa ficou resolvida. E o mais caricato disto tudo é que ainda perguntaram ao Pedro qual era a opinião dele sobre a polícia brasileira :) Não obtiveram resposta, para não piorar a situação, mas de facto nunca tinhamos "resolvido" nada assim, tão à descarada e de uma forma tão ... simples. Guardamos todos os detalhes para contar ao vivo e acores, que tem muito mais graça.

Domingo esteve um dia fantástico, com praia à tarde (a água estava fresquinha), boa companhia e almoço às horas cariocas (às 5 da tarde, num boteco no meio da rua). Foi muito bom e chegamos todos a casa esgotados. Os miudos comeram, numa lanchonete, hamburguers e nós fomos ao um chamado Bracarense. Tivemos direito a pataniscas de bacalhau, sopa de feijão encarnado e jogo do Vasco da Gama na TV. Vida boa ...

Nova semana começa hoje, e as nossas rotinas também. Está tudo bem, que é o que mais interessa

sábado, 22 de outubro de 2011

Um óptimo almoço

Ontem fui almoçar sozinha com o Kiko. Foi muito bom! Já tinha saudades de estar só com o meu menino grande. E realmente aprecio a sua serenidade. Ele consegue ser tão tranquilo que me dá uma calma imensa. Falámos de montes de coisas, almoçamos calmamente e depois fomos comprar uns sapatos (46!). Estava bem disposto, conversador e foi a melhor companhia que eu podeia ter tido. Acho graça porque com o Francisco consigo ter um entendimento quase perfeito. Parece que sei o que ele pensa e ele faz o mesmo comigo. E basta olhar para mim, com aqueles olhos verdes lindos e por-me o braço por cima do ombro para eu ganhar o meu dia. Sei que deve ter saudades de Lisboa e dos amigos, mas tenta adaptar-se e viver bem cada dia que passa.
Quando eu fôr grande gostava de ser como ele!

Hoje voltou a estar mau tempo, por isso nada de praia :( . O que é que vamos fazer a duas pestes toda a tarde ????

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Ufa!

O João estava porco, cansado e feliz! E a brincar muito bem com os colegas. Ufa!
Bom fim de semana!

Dar uso às chuteiras

Hoje vai ser o primeiro dia que o pardalito João vai dar uso às chuteiras novas. Mas não é isso que me deixa em ansias mas sim o facto de ser a primeira vez que vai a uma festa de aniversário de um colega da escola. O miúdo chama-se Pedro e é dos colegas que ele mais fala. Já conheci a Mãe dele que é muito simpática. Vai buscá-los a todos ao colégio e depois leva-os para um clube no Leme para os "soltar" e eles jogarem futebol. Ontem à noite, quando lhe estava a fazer a mochila, disse-me logo que tinha que levar a camisola oficial do Benfica. As minhas ansias, totalmente desnecessárias certamente, prendem-se com o facto de ser a primeira vez que o João sai "do ninho" do colégio e de casa para ir a uma festa de aniversário. Mas é um disparate da minha parte. Mais, acho que só estou assim por ser o João - com o Kiko ou com o Mi nem sequer perderia 1 minuto a pensar nisso. Mas o meu pardalito João demora mais tempo a fazer novos contactos, a arriscar-se a fazer novos voos e pela primeira vez desde que chegamos ao Rio eu não vou estar lá para amparar. Os outros dois jogam-se ao ar sem temores, certos que sabem voar e se que tremerem não há crise, porque tremem, tentam outravez e dessa vez não caiem. O João é um perfeccionista, que só dá um passo depois de estudar o terreno com muita atenção. Tem horror ao falhanço, em não ser perfeito. Será incapaz de se revoltar se não jogar ou se ficar no banco. Será incapaz de dizer que quer jogar se vir que os outros jogam melhor do que ele. Tudo porque quer ser perfeito e porque não admite falhar. Mas como ele ia cheio de vontade, o miudo é muito simpático com ele e a Mãe do miúdo vai lá estar, só tenho mesmo é que aguardar descansada e estar lá às 17h30 em ponto para o ir buscar.

O tempo hoje melhorou e está sol. Há um ventinho o que até é bom. Mas espero que o vento páre e amanhã consiga ir para a praia. O Kiko tem teste logo às 7h00 da matina (!) e ontem, se um sopro só e enquanto eu servia o arroz ao jantar, já me explicou como vai ser o sábado dele: "Mãe, amanhã tenho um dia óptimo: vou fazer o teste, volto a casa a meio da manhã para vir vestir o fato de banho, saio logo de seguida para ir para a praia, não almoço com vocês mas com os meus amigos, ok Mãe?, venho ao fim da tarde, tomo um duche, o pai do XPTO vem-me buscar para ir para uma festa na Barra e depois a seguir a essa festa venho para a tal outra festa no Jockey Club da Gávea. Ok Mãe?". Tentem ler esta frase bem depressinha, porque foi assim, bem rápido, que ele a proferiu. Fiquei a olhar para ele, com a colher do arroz pendurada no ar ... pedi para repetir a última parte, a das festas. "Oh Mãe, não se vai pôr a perguntar quem são as pessoas donas da festa! Nem quem são os Pais e as Mães deles!A Mãe não conhece ninguém! Mas fique descansada que vou com os meus amigos e arranjo boleias com os Pais deles". Servi a colher de arroz. E disse que sim. Não tinha grande hipótese, certo? Ele tem a cabeça no lugar, nunca me deu razões para ficar atormentada, é super responsável, teve boas notas e está integrado (que era o que eu queria), é grande e sabe-se defender. Tenho que o deixar ir, não há qualquer razão para não o fazer. É deixá-lo voar e esperar que seja um voo calmo.  No meios destas festas a única coisa boa é que os horários são diferentes de Portugal - tudo começa mais cedo e tudo acaba mais cedo. O meu "menino-homem" deve chegar a casa lá pelas 2h da manhã, o mais tardar.

O Mi também acho que tem uma festa de aniversário este fim-de-semana, mas sinceramente ainda não tive forças mentais para ir investigar. Se não nos der jeito acho que vou "perder" o convite .... Se ele sabe mata-me (quer ir a todas, seja de meninos ou menina). "Mãe as festa cá são brutais, têm imensas brincadeiras, muitos doces e acabam à noite". E respondo eu, "Mas tu sabes de quem é a festa? Os teus amigos vão?", "Não sei Mãe, mas são brutais, têm imensas brincadeiras, muitos doces, acabam à noite e eu quero ir!". Enfim ....

Anteontem recebi umas papeladas de Lisboa que o meu Pai foi tratar por mim. A acompanhar os documentos veio um DVD com o meu casamento! Amei! Sempre digo que foi o dia mais feliz da minha vida e vendo as imagens percebo o porquê. Estava toda a gente super bem disposta, tudo a dançar. Havia muitos amigos nossos, que são do género de fazer a festa, atirar os foguetes e apanhar as canas! E os mais velhos que lá estavam também alinharam na maluqueira. A missa foi linda, o coro um primor (o que não foi fácil, tendo em conta os ensaios prévios lá em casa, que não correram assim tão bem). E vi a minha avó Palmira linda, alegre, a imagem perfeita de como me recordo dela. E muitas outras pessoas que já estão com os anjinhos no Céu. Todos bem dispostos.

Bom, vou acordar o Mi que é um dorminhoco terrível e não tarda nada tem que almoçar para ir para o colégio. Depois conto como correu a aventura do João.

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Com vontade de escrever mas sem conteúdo para relatar ...

Hoje estou com vontade de escrever mas não tenho conteúdo para relatar. Coisa estranha esta, que nunca me tinha acontecido. Será que estou a ficar dependente disto? Será que preciso mesmo de inventar uma história e dedicar-me à escrita? Acho sinceramente tardia esta minha veia de escritora e só pode ser explicada pelo excesso de tempo livre para mim, que nunca tive. Sempre vivi intensamente o trabalho e o estudo. Sempre me dediquei de alma e coração a fazer alguma coisa. E neste momento dedico-me de alma e coração a ser mãe e mulher. Mas não é que me sobra tempo ??? Descobri um site de uma livraria portuguesa com e-books (veja o site da Leya). Não gosto de ler em inglês e tem sido dificil encontrar e-books em português. Nada da FNAC, na Bertrand, na Bulhosa. Até que me apareceu a Leya, com uma ferramenta óptima para o IPad e tenho-me deliciado a comprar livros e a ler. Há livrarias boas aqui no Rio, mas (mais uma vez!) os livros são caríssimos. Por isso tenho comprado, dia sim dia não, um livro na Leya. Ou seja, tenho-me deliciado a fazer uma das coisas que mais gosto na vida: ler. Mas daí a apetecer-me escrever vai um longo percurso.

O dia hoje foi tranquilo. não fui andar porque estava muito frio e deixei-me dormir. Fui com uma amiga às finanças cá do sítio - uma experiência enriquecedora. Estivemos lá quase 2 horas e não adiantou nada.  No outro dia uma outra conterranea dizia-nos "Quando forem a uma repartição de finanças ou algo público vão com tempo e levem sempre uma amiga. Vai demorar horrores e nunca vão consegir tratar de nada sem voltarem 2 ou 3 vezes". E por isso lá fomos as duas, e saimos fartas de dar à lingua, mas sem nada tratado. Resultado: amanhã vamos lá outra vez. Mas se pensarmos bem em Portugal e até aparecer as Lojas do Cidadão, era exactamente a mesma coisa.
 No caminho para casa, em pleno coração de Ipanema, dou de caras com um amigo de Lisboa (O Lino Torgal). Esteve cá um dia e andava a ver se comprava alguns "recuerdos" - foi óptimo vê-lo e tomar um cafezinho. Depois regressei a casa e ando "à luta" com o consulado para conseguir um maldito de um agendamento para o visto de residente.
Mas apeteceu-me escrever. Se calhar podia ter rabiscado algumas coisas no word e depois apagar. Mas como sei que tenho seguidores atentos, decidi compartilhar esta ausência de conteúdo convosco :)

Estive a ler os comentários da Adélia e do El - meu Deus, não sabia que tinha assim tantos seguidores!

Cá por casa todos sabem que a Mãe tem um blogue, mas ninguém lhe dá atenção. O Pedro diz que já leu "umas coisas" ... Só o meu João é que leu a crónica do dia dos anos dele. Chamei-o e disse-lhe que era a minha prenda de aniversário para ele. Antes expliquei-lhe que não interessa o valor das prendas que se dá, mas sim a intenção com que se dá. Que se um presente fôr escolhido com amor o prazer de dar é maior do que o prazer de receber (acho que repito esta lenga-lenga "n" vezes ao ano e ainda vivo na esperança que eles um dia a repitam aos filhos!). E ele leu em silêncio, deitado na minha cama e enroscado a mim. E no final, com os olhos brilhantes, deu-me um abraço muito apertado e disse-me que tinha gostado muito. Ganhei o dia. E pode ser que seja impressão minha, ou que seja eu a querer que isso seja verdade, mas acho que desde esse dia o meu menino anda "mais leve", mais sorridente (e eu, por consequência, também). Achei imensa piada porque ele depois perguntou-se "Ó Mãe, de certeza que a Mãe não gostava mesmo de mudar alguma coisa em mim?" Eu disse-lhe que não, que o adorava tal como ele era, mas que já agora se ele tivesse menos ataques de fúria eu agradecia. Ele riu-se e retorquiu que isso ia ser difícil porque saía a mim, que também me "passo" com facilidade! Será mesmo verdade ??? É claro que esta história do post no blogue ter sido um presente é importante, mas sinceramente acho que a camisola oficial do Benfica, com João escrito nas costas, fez ainda mais sucesso.

Já me esquecia - já temos carro! O Pedro trouxe ontem à noite. Acreditam que está estacionado na garagem e ainda não o fui ver? Aqui que ninguém nos ouve, nem lembro de que côr ele disse que era ... Só sei que tem 7 lugares, já a contar com passeios que vamos fazer quando tivermos visitas! Os mais atrasados a marcar as viagens tenham cuidado porque já temos o calendário bem preenchido e não aceitamos overbookings!

Está um dia frio e cinzento no Rio. Mas não chove e o mar está lindo! 

E pronto. Vou terminar. Eu disse que não tinha nada para contar, e como podem ver pela prosa acima não há de facto nada a acrescentar a esta nossa aventura de emigrantes

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A nossa "meia dose"

Faz hoje 10 anos que apareceu na nossa vida uma "meia dose" linda! O João nasceu a meio da manhã, lindo de morrer, mas muito pequenino - 2,200 kg de gente, 46 cm e com bochechas côr de rosa mas sem mais carninha nenhuma. O médico quando anunciou o nascimento aos familiares referiu-se a ele como "meia dose", e este nome ficou para sempre na minha memória. As suas bochechas enganavam e faziam parecer que era um rapagão, de tal forma que me lembro que o médico até o mandou pesar outra vez porque não acreditou no peso que lhe disseram.
Foi um bébé muito desejado e pelo qual estivemos à espera durante muito tempo. Era muito bonzinho, muito calmo, não chorava quase nada (tirando quando ficava furioso e prendia a respiração até ficar roxo!). Gostava de estar deitado na espreguiçadeira na sala, a olhar para tudo e para todos. Acho que ele estava a absorver tudo e que mais tarde utilizou todo esse capital de conhecimento para se tornar no "cromo único" que é hoje. De tanto nos observar acho que nos conhece, por dentro e por fora.
É o meu filho agridoce. Meigo, ternurento, amigo do seu amigo. Que intui quando as outras pessoas que o rodeiam estão em baixo e tristinhas e que sabe logo dar uma "marradinha", qual gato meigo. Que faz uma festa quando mais precisamos, que dá uns abraços do tamanho do mundo. Que conforta qualquer um, sem ter que recorrer a palavras. Só o seu olhar tranquilo e as suas festas bastam para ganharmos o dia. Mas também "agri", porque se "passa" com muito pouco, porque a sua inteligência fantástica aliada a uma língua afiada conseguem atingir-nos de forma quase letal. Acutilante como mais nenhum, com um humor arrasador que nos surpreende sempre, de todos os meus filhos é o único que me sabe "tirar do sério".
Costumo dizer que ele começou a dar trabalho 3 anos antes de nascer. Que depois de tanto trabalho para nascer, veio refinado.
O meu menino está a crescer, e dentro em breve vai ganhar asas. Deus permita que os seus voos sejam sempre bem guiados, que arrisque mas que não caia. Ou que, se cair, se saiba levantar, erguer a cabeça e continuar a caminhar.
Hoje não vamos fazer nada de especial. Porque ele pura e simplesmente não quer. Ontem estiveram 2 novos amigos cá em casa a brincar com ele, num novo jogo que recebeu de presente. Hoje foi à escola e quer ir jantar fora ... ao McDonalds. Comprei um bolo de aniversário, e vamos todos cantar-lhe os parabéns. Quando chegarmos a Lisboa, fazemos nova festa.
Peço a Deus, e a Nossa Senhora que lhe emprestou o nome de Maria, que o protejam. O meu menino é de ouro. E por muito que cresça vai ser sempre o meu Joãozinho, que dormia comigo na cama muito quietinho e quentinho, com bochechas cor de rosa e agarrado a uma almofadinha (que ainda hoje tem e que está sempre com ele).
Parabéns João. E obrigado por seres quem és. Obrigada por existires. Obrigada por seres meu filho. Se me dessem a escolher se queria mudar alguma coisa em ti, não mudava nada! És o maior! Mesmo com os teus ataques de doideira. 

domingo, 16 de outubro de 2011

A disortografia, dislexia, discaligrafia e outros dis...

Acabo de tomar conhecimento que as minhas crónicas estão cheios de erros ortográficos. As minhas desculpas aos mais atentos. Mas sinceramente não tenho culpa. E não são de todo evitáveis. Sempre dei imensos erros - nunca consegui fixar quando se usa o "s", os "ss" e o "ç". O "há" e o "à" são quase um mistério. E os hifens deixam-se doida. Lembro-me de muitos truques que a Sra. D. Margarida e a Lídia (minhas professoras da 4ª e 3ª classe) me ensinaram, mas infelizmente não são os suficientes. Sei que pássaro se escreve com 2 s's porque têm duas asas, idem para pessoas (porque têm duas pernas), mas realmente não basta. Descobri recentemente que isto é causado por uma parte do cérebro não funcionar como devia (não, não sou nem burra nem esúpida, como muitos devem estar agora a pensar) e que as pessoas não têm culpa disso. O Einstein sofria disto, o Bill Gates também. E eu pelos vistos, qual génio, também devo sofrer. Nunca apurei o facto, mas de certeza que deve ser essa a minha patologia. E nesta fase da vida sinceramente não vou gastar dinheiro a descobrir essas coisas.
Devem estar a perguntar-se porque é que não uso corrector ortográfico: simplesmente porque esta ferramenta de escrever o blogue não tem. Nos emails e word não sobrevivo sem o corrector, mas não tenho pachorra para escrever tudo em word e depois passar para aqui.
Ou seja, "sorry" pelos erros. Se vos importunar mesmo muito sugiro que seleccionem o texto todo, façam "copy", vão ao word e façam "paste". Assim vão ler tudo direitinho :)
A minha Mãe já sugeriu ser minha editora. Mas para estas crónicas não vale a pena. Só para quando eu escrever um livro ... Gostava de um dia tentar, mas preciso de ter uma história, uma ideia. Comecei a escrever as minhas memórias (ainda só escrevi uma página ...), porque sinceramente acho que um dia não me vou lembrar de nada e quero que as minhas netas saibam quem eu fui. Pode parecer vaidade ou convencimento, achar que outros vão querer saber quem eu era. Talvez seja. Mas gosto de pensar que alguém vai gostar.

Quantos erros terei hoje dado ????

sábado, 15 de outubro de 2011

Lembranças de Lisboa

Ontem tivemos a visita da Susana e do Miguel, que vieram cá jantar a casa. Foi muito bom estar com amigos de Portugal. Foi óptimo receber as encomendas que os meus Pais e Sogros nos enviaram.
Hoje eu e os miúdos já estamos com as t'shirts novas vestidas, o nesquick já fez parte do pequeno almoço, e as toalhitas também foram muito bem recebidas. Ficámos até perta das 4h00 da manhã a conversar na varanda e a saber "ao vivo e a cores" as novidades do nosso país. Acompanho diariamente os jornais portugueses, mas sinceramente já não faço o download do Expresso desde meados de Setembro.
A minha Mãe enviou-me uma revista do Expresso com um artigo sobre o "Outono" da vida. Gostei imenso de o ler (obrigada Mãe!) mas fez-me pensar. Não são apenas os menos jovens que se podem sentir no Outono da vida. Á distância parece-me que todo o país, e até a Europa, está a cruzar um período de Outono. Quem está deste lado do Atlântico consegue perceber melhor, avaliar mais objectivamente, essa fase que por aí se atravessa. A bela Europa, com a sua cultura e história secular está a atravessar períodos outonais. Está a deixar-se cair. Mas o Outono tem dias de Verão, de sol, de ruas lindas cheias de folhas. Espero sinceramente que Portugal consiga recuperar rapidamente, para que esse Outono não se torne triste, amargurado, chuvoso e desanimado. Sinto-me uma privilegiada por estar a viver num país que está na Primavera - que se descobre a cada dia, que erra imenso mas que com a sua juventude consegue dar uma golpe de rins e alterar o seu rumo. Está na Primavera porque tem muito que aprender. Tem que crescer, tem que apostar na educação, na cultura, no desenvolvimento. Tem que investir em si, para poder ser um país maduro. Para poder chegar ao Verão. Mas todo este ambiente é positivo e deixa essa positividade passar para quem aqui vive. Sinto-me privilegiada por os meus filhos não ouvirem falar em troika, crise, corte de subsidios de natal e férias, despedimentos, aumentos de gás e electricidade. É certo que ouvem falar da necessidade de aumentar a segurança, da importância de melhorar, e muito, as escolas, os serviços, ... Há um custo por estar longe, mas que é compensado por esta "mudança do outono para a primavera".
Mas tal como a minha Mãe tentei pensar qual será a estação do ano da minha vida. E sinto que estou no Verão. Estou a viver plenamente os meus 40, olhando para trás sem saudade ou angústia, porque vivo o sol, a alegria, a estabilidade, a coerência destes anos. Como no Verão, tenho dias de tempestade, de chuvas fortes e chatas. Mas que passam depressa, e que se seguem de dias de sol fantásticos É bom, muito bom.

Hoje pelos vistos está-me a dar para ser filosofa. Talvez seja por estar o tempo cinzento, com uma chuvinha chata. Mas está calor e os miúdos estão entretidos com a playstation. Tudo calmo, todos em casa ao pé de mim. Como eu gosto.

Obrigada El pela mensagem que deixas-te ficar no blogue. Vá-se lá saber porquê, não consigo responder. Mas foi óptimo saber que nos vão seguindo nesta nossa aventura, que a muitos parece ser uma loucura. Também soube que a minha sobrinha emprestada Mariana Sousa (da Inês e do João, não do El e da Leonor) me vai seguindo no blogue - olha que me tenho lembrado de ti miúda: de cada vez que vejo uns bikinis giros! O pior é que logo a seguir lembro-me da cara do teu Pai ................... mas vai-te preparando para me levares às compras quando eu aí chegar!

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

O jantar vai atrasar ...

... mas não podia deixar de partilhar com todos vós, que "vivem" um bocadinho a minha vida, o grande acontecimento do meu dia, senão mesmo da minha estadia no Rio.

Hoje descobri, em Botafogo, um ... MINI HIPERMERCADO !!!! Não estão contentes? Eu estou feliz. Foram duas mães de colegas do João que mo indicaram. Chama-se PRIZUNIQUE e tem imensas qualidades, que passo a enumerar:
1. É um edíficio próprio para supermercado - isto é, as mercadorias não entram pela mesma porta do que eu. E palpita-se que até cometem a loucura de ter horas de entrega ...;
2. Tem parque de estacionamento subterraneo
3. Tem um pé direito alto e luz natural
4. Tem prateleiras arrumadas
5. Tem corredores laaaaaaargos
6. Tem que se ir buscar o carrinho a um sítio específico e entregá-lo nesse mesmo sítio (não vale abandoná-lo no caixa com a pessoa que está a seguir a nós na fila)
7. As caixas registadoras têm tapete rolante (não é preciso empurrar tudo nós mesmas)
8. Os preços são 2/3 dos famosos Zona Sul (ver descrição destes magnificos mini mercados em crónica anterior)
9. Servem cafezinho gratuito no meio da loja
10. E tem entrega em casa! Bom, "tem" é uma forma de expressão, porque de facto eles não entregam no meu bairro. Mas a coisa resolve-se facilmente: informalmente (palavra que no Rio é sinónimo de "à descarada"), e à saída de cada caixa está uma menina (a que me atendeu chamava-se Dayanne ... deve ser por causa da Princesa Di) que diz que ela mesmo entrega aonde nós quisermos. Não tem nada a ver com a loja, mas toda a gente a conhece (aí a senhora da caixa dá a sua achega e diz que a dita cuja é de" extrema confiança") e que se nós lhe pagarmos 25 Reais, ela leva a casa. Se eu fosse desconfiada ainda poderia achar que era duvidoso, mas como estou cada vez mais carioca, achei que era óbvio que ela era de confiança e que iria levar-me os mantimentos e detergentes de 1 mês a casa. E fui-me embora super descansada, passear para o Shopping da Gavea, que é um sítio fino e bastante bom para senhoras como eu. E tudo chegou certinho a casa. Pelo sim pelo não fiquei com o número da Dayanne ... mas nem sei porquê, porque ela é de confiança!

Não acham que eu tinha que transmitir-vos esta boa novidade? Só mais um pormenor único - como fui de boleia com uma amiga que tem carro e vai levar o marido ao escritório de manhã a Botafogo, levantei-me às 06h45, para estar pronta às 7h15. Era 7h45 já estava a entrar no meu muito amado Prizunique. Nunca na minha vida imaginei que ia estar FELIZ, às 7h45 num supermercado!

Hoje vem cá jantar uns amigos "tugas" - a Susana Leite e o Miguel. Vai ser a primeira vez que recebemos! O Pedro deve estar a chegar em breve de Natal e espero que o voo não atrase. Achei que o melhor jantar era o típico brasileiro - filé mignon com arroz e feijão preto, "regado" a caipirinhas (com adoçante!) e vinho chileno e de sobremesa manga, abacaxi, melão, meloa e gelado.
Há sempre lugar para mais um, por isso, se quiserem, apareçam!

Bjs

P.S. De qualquer forma, se souberem que o Continente Online entrega para estas bandas .... AVISEM!

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Sem nada para acrescentar

Muitos dos meus imensos seguidores (!) devem achar estranho o facto de estas crónicas serem cada vez mais espaçadas no tempo. Mas de facto não é nada estranho. Pensem na vossa vida de todos os dias: têm novidades e histórias para contar todos os dias? Estou certa que não.  Nem a famosa "troka" dá novidades todos os dias. Temos histórias e "coisas novas" para contar quando vamos de férias, quando vamos à descoberta de novas coisas, quando passamos um fim-de-semana fora. No nosso dia-a-dia as coisas vão acontecendo normalmente, repetidamente. Não estamos de férias, mas sim a viver o dia-a-dia, por isso é normal que existam muitos dias parecidos e sem nada de relevante para contar. Quando formos passar fins de semana fora, de certeza que haverá mais novidades.
Mas mesmo assim, e para os mais curiosos aqui ficam algumas dos últimos dias. Já temos 4 rodas! Não, não é o carro mas sim a minha bicicleta e do João. o Mi também tem mas va-se lá saber porquê ao fim do 1º dia de existência já está com os pneus furados e por isso não pode ir andar hoje à tarde. Eu e o João temos ido andar ao final da tarde, nem que seja meia hora. E é muito bom, pois é um programa "a dois", que tanto encanta o João.


 
No Domingo fomos a um picnic no Parque Lage organizado pelas mães da turma do João. O Parque Lage tinha sido aonde o Mi tinha ficado sem a banana por que o "mico" roubou. Foi giro, conhecemos alguns colegas do João e os respectivos Pais e Mães.




E por hoje é tudo!

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

E para que não hajam dúvidas ...

... aqui vai foto acabadinha de tirar.


Andei 7,2 km, logo pela manhã. A foto foi tirada em Copacabana, em frente ao posto 4, depois de já ter andado metade do percurso. Tenho as pernas a doer, mas tenho que acreditar que é por serem os primeiros dias!
Quem me vier visitar traga sapatos de ténis adequados para caminhadas!

terça-feira, 4 de outubro de 2011

O mito do Calor

Sinto-me enganada. Literalmente. Eu explico: existe a ideia que no Rio de Janeiro não há inverno, que o clima é sempre quente, ou pelo menos ameno. Mentira! Hoje está imenso frio (para aí uns 19º graus). Podem achar-me exagerada mas de facto não estou a se-lo. Como fui enganada por esse mito do calor não trouxe, numa das 14 malas que vieram connosco, roupa quente. Tenho 1 par de sapatos fechados e dois casaquitos de malha. Por isso tenho frio. E as casas não estão preparadas para este frio. Pelo menos a nossa não está pois não vou, de momento, gastar dinheiro em cortinados. Por isso tenho frio ... esta noite o Pedro foi para SP por isso vou ter que dormir com o meu Mi, que é muito quentinho.

Hoje andei 6km de manhã (ahah! esta ninguém acredita mas é verdade!). Saí com uma amiga às 8h30 e amanhã vamos repetir a dose. Sabe bem de manhã, mas só se não estiver a chover ... hoje estava a choviscar mas estava calor. Amanhã vamos tentar fazer os 8 km ... logo vos conto o estado das minhas pernas.

Consegui arranjar mais uma amiga para o skype - hoje falei com a Lucília, que vai ser a nossa primeira visita oficial (e agora me lembro que as camas ainda não chegaram ...). Já lhe fiz algumas encomendas e ela hoje teve o prazer de me mostrar, ao vivo e a cores, as 6 colherinhas de café que lhe encomendei!!! Finalmente vou mexer o café com colheres de tamanho decente.
Poderia dizer que cá não existem colheres de café, mas estava a ser injusta. No faqueiro que eu comprei (e que representam 98% dos faqueiros que estão à venda) não existem nem talheres de peixe nem colheres de café. Nos outros 2% que existem à venda, e que custam 5 vezes mais, existem tais peças. Como sou "fona" claro que me marimbei para os talheres de peixe e comprei do mais barato. Mas problema resolvido - a Lucilia providenciará as colheres de café já no início de Dezembro.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

O 1º fim de semana de praia

Finamente fui à praia e dei um mergulho! No sábado estava um dia óptimo e fomos à praia logo a seguir ao almoço. O Kiko foi com os amigos de manhã e por isso foi o primeiro a ter a honra de dar um mergulho na praia. Fartamo-nos de rir porque ninguém usa toalha de praia - só kangas. Eu por acaso tinha trazido duas de Lisboa, que repartimos pelos 4 (O Kiko recusa tal coisa e diz que se seca em pé!). Vou ter que num dos meus passeios pelo calçadão comprar mais umas. Por enquanto, com o tempo não muito quente, até dava jeito uma toalhita de praia, mas dizem-nos que quando começar o calor chegamos secos à cadeira de praia, por isso a dita kanga é mais do que suficiente. Só aqui entre nós, que ninguém nos ouve ... aproveitei para comprar uma parte de cima de bikini, baratíssima, enquanto eles estavam no mar ...

No Domingo também fomos à praia, mas fomos para a Barra. A praia é boa, a água é mais transparente e a praia tem menos gente - também já nos disseram que tem menos povão que estas ao fim de semana. No Domingo almoçamos às 17h00 (!!!) num restaurante de picanha, na Gávea, e nada turístico. Ou seja, estamos mesmo a começar a entrar no esquema dos Cariocas - almoçar tarde para depois não jantar. Mas não me safei ... e tive que lhes aquecer uns restos para o jantar. Tivemos a sorte de ir com uma casal de portugueses, que tem 4 miúdos amorosos e mais ou menos da idade dos "pequenos". Foi muito bom ter companhia.

No sábado o Kiko não teve programa e por isso fui com o Pedro ao teatro. Gostei imenso. Era uma comédia divertidissima. Há tradição de teatro no Brasil e por isso temos que aproveitar.
Foi "muito gostoso", como eles dizem!

Acabo de "fazer feira" com o Kiko. Pedi-lhe ajuda quando chegou da escola e fui ao mercado ambulante de feiras e legumes que há todas as segundas feiras aqui ao pé de casa. Viemos carregadíssimos e comprámos frutas que nunca tinhamos visto nem provado. Mas foi muito bom este mini programa com o meu "Grande". Fartámo-nos de rir, com os homens a darem-nos tudo para provar. Trouxe frutas que nem sei o nome, mas como são doces ... Esta semana não quero mais ouvir falar em falta de fruta. Acho que a minha Mãe e o meu Sogro vão adorar ir comigo "na banca do Charlie e do Henrique" (que ficaram já meus amigos e até me fizeram um desconto) comprar frutas. Reparei agora que me esqueci de comprar alface .......... mas hoje já lá não volto.

Para a semana os miúdos vão estar de férias. Deus queira que o tempo melhor (hoje está uma chuvinha chata) para eu os arrancar de casa.
E por agora é tudo!

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Dona de casa desesperada

Nunca pensei em dizer e sentir isto: QUERO IR A UM HIPERMERCADO! ADORO HIPERMERCADOS!.
Realmente nunca se deve dizer nunca. Passo a explicar - na Cidade Maravilhosa (que eu cada dia que passa gosto mais) não há hipermercados. São tudo supermercados minusculos, atravancados, sem marcas próprias. Pior - não existem porta de mercadorias nem horários de entrega. Por isso ao mesmo tempo que se tenta circular por corredores com 70 cm de largura, juntamente com bábás e velhotas com empregadas que vão comprar 1 bife de frango e 1 ovo, existem caixotes a ser desembalados, peixe a ser entregue, prateleiras a serem arrumadas, etc etc. É um caos. Mas um caos animado e sempre toda a gente com um sorriso na cara. Mais, os carrinhos de supermercado não têm lugar fixo - estão espalhados pela loja e já é uma sorte apanhar um. As caixas de pagamentos não têm tapetes rolantes, parecem as caixas de supermercado da Manutenção Militar (supermercado a que eu ia com a minha Mãe quando tinha 10 anos e que pouco depois fechou por estar ultrapassado!).
Se juntarmos a isso uma família com 4 manfios, que 3 deles comem bastante (O Francisquinho continua a beber 1 litrinho de leite ao lanche), podem calcular as vezes sem conta que tenho o prazer de visitar os famosos "Zona Sul".
Mas hoje tomei uma decisão - em vez de ir andar km para o pé da praia fui para Ipanema para um "Mega Zona Sul " - leia-se um supermercado que deve ter as dimensões do Pingo Doce do Arco do Cego e que os corredores têm 1 metro de largura! Estive lá duas horas, carreguei o carro até a cima, comprei milhares de frascos (não se esqueçam que aqui é tudo doses com menos de 1 lt), aproveitei tudo o que estava "na promoção" e respirei bem fundo antes de pagar! Porque foi uma "conta calada", mas ao menos tenho 12 litros de leite em casa! E carne e peixe para uma semana!
Fiz bem em respirar fundo para pagar, porque a conta foi o equivalente ao preço de ... uma capa de sofá de 3 lugares, 2/3 de uma cama de corpo e meio, metade de uma máquina de lavar a loiça, mais caro que o que paguei pelo fogão.
Saí de lá esbaforida de calor e andei mais uns quarteirões porque tinha descoberto umas mantas para os sofás (os nossos são brancos e os tais manfios não percebem que os pés são para andar no chão e não na alvura dos meus sofás) que eram 40 reais mais baratas do que na loja ao lado da minha casa.
E como não há melhor cura para esquecer uma grande conta de supermercado do que comprar qualquer coisita para mim, decidi enfeirar e comprar um vestido. Pensei que merecia - afinal era 1/8 da conta de supermercado!
Ou seja, poupei 80 reais nas mantas, mas gastei mais do que isso no vestido. Mas não me interessa - fiquei contente. E mais vale dinheiro gasto em vestidos do que na farmácia!

Entretanto, enquanto estava calmamente a almoçar ... chegaram os pés da mesa da casa de jantar !!!!!!!!!!!!!!!! Ou seja, já podemos jantar na sala. A sala está a começar a ficar composta. Vou tirar fotos e depois mando. Só faltam agora uns quadros e eu quero mesmo pintar uma parede com outra côr.

Os miúdos estão bem. Começaram a receber as primeiras notas e está tudo sob controlo.

E se por acaso souberem se o Continente Online entrega para estas bandas, AVISEM!

segunda-feira, 26 de setembro de 2011

O meu João é poeta

Nada de especial para contar sobre o fim de semana. A única coisa relevante é que o Pedro encomendou o carro.

Hoje deixei-me dormir ... mas mesmo assim fui andar a meio da manhã. Acabou por ser um percurso curto porque desafiaram-me para ir a uma loja de móveis em São Conrado e eu, claro, que aceitei. Mas tinha mesmo que ir hoje andar - afinal já tenho o equipamento completo, tenho que rentabilizar tal investimento.

Mas o que interessa é que cheguei a casa depois do almoço e o João estava a terminar os TPC. E fiquei fascinada com um poema que o meu menino fez. Tinha que utilizar meia dúzia de palavras, mas o resto foi tudo ele que imaginou. Aqui fica:

A mudança do Mundo

Quando um raio de sol
se cruzou com o pedaço de nuvem,
subiu ao céu um pé de vento,
que me deu coragem e alegria,
a necessária para mudar o Mundo.

As gotas de chuva,
que caíam dos olhos da tristeza,
pintei-as da côr de esperança.
E a linha do horizonte pintei-a
da mais bela alegria.

                           João Reimão