Depois da estadia dos amigos Castedo arrumei as malas e, como bons emigrantes, viemos passar o Natal à terrinha. Cheguei a Lisboa na sexta feira mas só agora tenho uns minutos de sossego para escrever umas, curtas, linhas. A viagem correu bem e como sempre não dormi. Cheguei 6ª feira de manhã com os miúdos e o Pedro só chega para a semana. Nessa mesma sexta feira fui passar 4 horas à Loja do Cidadão para renovar o meu passaporte e o do Kiko e do João. Não foi agradavel a espera mas estava tranquila por saber que não iam pedir à ultima da hora papeis que não estavam previstos. Aqui as coisas demoram, ainda, algum tempo mas acabam por acontecer.
Foi estranho chegar e deparar-me com 10 graus, chuva e nevoeiro. Ver a família e amigos já não foi tão estranho. Sinceramente não é falta de sensibilidade mas com as novas tecnologias, e em especial o skype, parece que estamos sempre a par do que cá se passa. Não há aquela sensação de "está mais magro ou mais velho". A minha sobrinha Maria disse-me o mesmo: "Olá Tia, vi-a a semana passada". O mesmo se passa em relação às novidades do país - para quem lê, como eu, diariamente os jornais de Portugal na internet não há noticias novas. Mas o que de facto já não via há muito tempo e que tive saudades quando revi foi da minha Casa. Das minhas coisas. Das minhas molduras com fotografias. Dos meus móveis, cortinados, livros e biblots. Andei a "zanzar" sozinha pela casa, a tentar "beber" toda essa informação visual, na ansia de abarcar tudo e registar tudo na minha memória. Se calhar devia tirar fotografias e levar, para mais tarde recordar. No final desta viagem pela Casa encontrei-me com o Francisco na varanda. Pelos vistos ele tinha feito passeio semelhante ao meu. E disse-me "Mãe, só agora me dei conta das saudades que tinha de casa, das nossas coisas". Um sábio este meu menino de ouro.
Reparo agora que senti saudades de coisas tão simples quanto:
- da minha cama e da minha almofada;
- de dormir sem ouvir barulho de carros na rua;
- de beber água da torneira;
- de usar gel de banho em frascos de 1 litro;
- de ter um carro para usar só eu, quando quero e bem me apetece;
- da minha caneca para o leite com nesquik;
- dos meus aneis, pulseiras e fios de ouro (vou andar estes dias carregadinha de aneis e fios!!!! vão achar de certeza que pareço uma ourivesaria ambulante)
- de telefonar às minhas amigas e dizer que vou lá jantar a casa ou que passo lá em casa antes de jantar para lhes dar um beijinho;
- da missa do Cupav, cheia de alma e de caras conhecidas, que me acompanham nos finais dos Domingos há muitos anos.
E se calhar de mais algumas coisas que de momento não me lembro.
Mas por outro lado também já há coisas do Rio de Janeiro que me fazem falta - sinto falta da alegria e boa disposição daquela gente, de não se falar em crise, troika ou desemprego, de sair de casa e estar automaticamente no meio da confusão da rua das lojas, de ir dar um mergulho à praia ou dois dedos de conversa no café.
A vida é assim mesmo e os Homens uns eternos insatisfeitos. Parece que nunca estamos a 100%, que falta sempre qualquer coisinha. Mas tenho que agradecer a Deus todos os dias o facto de estarmos felizes, com óptimas casas e vidas, com saúde e com muitos, muitos, amigos dos dois lados do Oceano. Somos uns sortudos e por vezes parece que nos esquecemos disso.
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