segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Primeiro fim de semana fora do Rio de Janeiro

E ainda bem que saímos, porque choveram os dois dias no Rio.
Angra é um paraíso que eu adoro. Sem barulho e confusões. Pequeno e com água quente. O tempo estava enevoado mas lá se aguentou sem chover. Saímos no sábado do Rio às 8h20 (da manhã!!! o que foi traumatizante para os meus 4 homens) e à tarde andamos de barco. No Domingo ficámos a jiboiar.
Aqui fica parte da reportagem fotográfica. O Kiko não aparece nas fotos mas também foi!







quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Muito estranho

Isto de viver a época do Natal com calor é muito estranho e sinceramente ainda não me acostumei. Hoje está outa vez frescote (para Verão, claro) mas ontem esteve um dia quente, com temperaturas que chegaram aos 37ºC. Estava muito abafado e foi com grande felicidade que recebi uma chuvada intensa ao final do dia. Até fazia fumo. E depois a sensação foi fantástica, podia-se respirar.
Ando pelas ruas e encontro as montras já decoradas para o Natal. Nos shoppings há Pais Natais,renas, neve e trenós por todo o lado. Mas está calor! E o Natal não é assim! Não há castanhas assadas (já agora, sabem quanto custa 1Kg de castanhas no supermercado? 15€!), não há folhas castanhas no chão, não há frio e cachecóis. Mas o que me intriga mesmo muito são os abetos, a "neve", o azevinho espalhados um pouco por toda a cidade. Óbviamente que o Natal é muito mais do que estes enfeites e sinais exteriores - mas acho que o hemisfério sul devia ter desenvolvido os seus próprios adereços de Natal. Por exemplo, o Pai Natal em vez de viver na Lapónia podia viver na Amazónia, andar de canoa e não de trenó. As árvores de Natal serem árvores tropicais imensas, daquelas em que as raízes saiem da terra e têm mais de 2 metros de altura. As coroas de flores em vez de terem azevinho tinham orquideas ou outras flores destas paragens. Ficava muito melhor. Esta história da globalização é uma chatice, porque espalhou de tal forma a imagem "standard" do Natal que não deixa margem para a imaginação actuar.
Este meu sentimento de "Natal desenquadrado" é-me familiar. Sinto-o sempre que em Portugal vejo imagens do Carnaval de Alcobaça/Ovar/...! Um frio de rachar, chuva fria e nuvens no céu. E a malta toda a desfilar em bikini ou outro tipo de mini-indumentária do género. Que lógica tem apanharem todos pneumonias por essa altura? Será que se divertem assim, enregelados de frio? E eu que até gosto de máscaras ... Não seria mais fácil ir tudo com fatos de manga comprida? Há máscaras assim, mais quentes. É escusado apanhar frio.
A propósito de Carnaval, e para descansar a minha amiga Crijú, ... já estamos a tratar do desfile este ano no Sambodromo ... Tenho pavor de multidões e acho que vou arrepender-me, mas já estão a ser tomadas as devidas providências para desfilarmos na Unidos da Tijuca ... Agora, é bom que façam uns banhos de solário porque senão vão destoar de tão branquinhos que vão estar! 

segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Estão em casa? Passamos por aí ...

Na semana passada recebi uma mensagem no telemovel (não identificada e com muito ruído) em que apenas deu para perceber "vamos a Santiago do Chile e se estiverem em casa, dormimos aí no Sábado). Não sabia de quem era (não tenho os números de Portugal registados no telemóvel, pois é coisa que não sei fazer de uma forma automática) e o som estava péssimo. Para além disso não dizia o nome ... Fiquei a pensar que se queria cá vir a casa era porque nos conhecia. E aguardei. Ao final dessa tarde fez-se luz, ou melhor, recebi chamada telefónica e fiquei a saber quem iam ser os nossos primeiros convidados!
Mas foi a surpresa de toda esta combinação que mais me agradou. Fez-me sentir de volta a Lisboa, quando estamos em casa Sábado à tarde, sem planos para ir sair, e de repente fazemos um telefonema "Estão em casa? Óptimo, passamos por aí a seguir ao jantar"! Estamos a gostar muito de estar por cá, e também fazemos muitos programas, desde ir à praia a jantar fora. E tudo no mesmo esquema, sem grandes planos e levando tudo "numa boa" e de "amigo não empata amigo". Mas dei por mim a ter saudades deste tipo de programa, com amigos de toda a vida.
Resumindo, a Maria João e o Lino chegaram no sábado ao final da tarde, fomos jantar fora, dormiram no famoso quarto de visitas/multimédia e no Domingo ainda tivemos tempo para ir à praia de manhã e almoçarmos cá em casa. E nunca tinha imaginado que o Rio de Janeiro poderia estar na rota de alguém! Foi óptimo ter amigos de Portugal cá connosco. Nem que por apenas 24 horas.

Quando saíram fiquei com um "nó na garganta". Estiveram tão pouco tempo. E houve aquele sentimento de "eles vão e nós ficamos". Acho que de facto as saudades são maiores para aqueles que ficam do que para os que vão. Quem vai, vai sempre fazer coisas novas, descobrir novas terras, novas pessoas e novos lugares. Vai estar ocupado em desfrutar, em fazer alguma coisa, sem muito tempo para pensar no que deixou para trás. Eu quando viajava em trabalho também ia "numa boa", mas quando é o Pedro a ir eu também fico com imensas saudades. Quem fica ... fica. Na mesma vida, nas mesmas casas, nas mesmas rotinas. E com mais tempo para pensar em quem foi. E a achar que é injusto que os outros não estejam a sentir o mesmo. E por isso com mais saudades. Se calhar estou a ser demasiado complicada nesta minha explicação ...

Vamos a Lisboa em Dezembro, pelo Natal. Vamos estar com toda a família e com os amigos. Mas vamos regressar e quem aí vai ficar se calhar vai ficar mais tristonho do que nós que regressamos. Compreendo isso. Eu teria os mesmos sentimentos. Mas é a vida. Mas pensem que por outro lado sempre que alguém nos vier visitar e a seguir se fôr embora, será a nossa (pelo menos a minha) vez de experimentar tais momentos de saudade. Mas vendo "a coisa" pela positiva: ainda bem que estivemos juntos, ainda bem que conseguimos fazer coisas novas juntos. Não é melhor "estar" do que "não estar"? Mentalizemo-nos para viver em pleno esses dias, em tirar o maior dos prazeres a cada minuto que se vive, sem agruras ou a martirizarmo-nos que o tempo é curto e a prazo. E depois ... depois cada um avança com a sua vida e tenta superar as saudades e a falta uns dos outros. Porque tudo se consegue superar, desde que haja saúde.

Bom, esta foi uma crónica algo melancólica, que não é de todo como me sinto hoje, pois o sol está a brilhar. O tal "nó no estômago" durou alguns minutos, mas desapareceu logo depois de ter respirado fundo! Vou ajudar o Mi a fazer os TPC e depois ... já recebi um sms a desafiar-me para ir à praia!

E façam como a Maria João e o Lino: sempre que estiverem por estas bandas avisem e vêm cá passar o serão!

segunda-feira, 14 de novembro de 2011

Aprender a tirar o melhor de cada dia

Em Lisboa fiz "uns cursos semanais" sobre como tirar o melhor de cada dia, como aprender a ver o "copo meio cheio" e não o "copo meio vazio". Hoje o dia amanheceu cinzento, o que me transtorna sempre. Se eu vivesse na Bélgica ou em Inglaterra iria de certeza viver em depressão profunda durante 300 dias por ano - e acreditem que nunca falei tão a sério nestas minhas crónicas.
Mas pensei em tudo o que tinha vindo a aprender e tentei reagir. E não é que me saí bem nesta árdua tarefa? Fiz duas coisas que me animaram e uma terceira caiu-me do céu (mais concretamente no email) à noite.

Mas vamos por partes:
1. Sou uma historiadora frustrada. Sei que tenho uma visão idílica da História e que se calhar teria adorado ter tirado o curso mas seria profundamente infeliz com a profissão. Mas realmente gosto muito de História. Em Lisboa pensava em que um dia quando me reformasse que gostaria de voltar à faculdade e fazer o curso. Neste momento não estou reformada, embora pareça ... Por isso decidi ir investigar o que poderia fazer por estas bandas. Na PUC (Pontificia Universidade Católica) existe um departamento de História e decidi inscrever-me num curso. Infelizmente o que eu mais gostava (que era de História de Arte) tem um horário muito pesado e sendo uma pós graduação a sério teria de certeza exames (odeio exames e testes ... mas explicar isso daria outra crónica ...). Por isso decidi-me por um curso mais leve, de menos tempo e com aulas só uma vez por semana. Começo no dia 12 de Março um curso chamado "Reflexões sobre a História da Infância no Brasil". Parece ser interessante e o que li da sinopse do mesmo acho que vai valer a pena. No "público alvo" do curso não fala em licenciadas em gestão mas sim em "estudantes de história, pedagogia, serviço social e outras áreas de ciências humanas". Não sou de nenhuma destas áreas, mas não estou minimamente preocupada. Será só uma vez por semana, ao final da tarde, e por uns escassos 2,5 meses. Se eu gostar então logo avanço para coisas mais complicadas. Já transmiti cá em casa este meu "feito" mas ninguém ligou nenhuma ... será que sou um "bicho" assim tão esquisito que estas almas não me entendem? Acho que só agora, que tenho mais tempo para estar mais em contacto com estes 4 seres, é que me começo a aperceber nas grandes e irreparáveis diferenças entre o bico-homem e o bicho-mulher!

2. Fui a uma livraria e decidi esquecer que os meus filhos estavam em casa e perdi-me no meio dos livros. Li excertos de livros, zanzei por ali sem pressas e sem horas contadas. Estive algumas duas horas por lá e no final decidi-me por trazer um primeiro volume (de 5) da História do Brasil e 4 romances do Machado de Assis. Li algures que tal como é fundamental ler a obra do Eça de Queiroz em Portugal, é fundamental ler Machado de Assis, se se quiser conhecer um pouco de literatura brasileira. Por isso, e porque adoro o Eça, acho que tenho que dar uma oportunidade ao Machado de Assis e dar este primeiro mergulho na literatura brasileira. Já li obras do Jorge Amado mas sinceramente já foi há tanto tempo que nem me lembro bem. E fiquei toda contente porque consegui versões bem baratinhas.
Quando cheguei a casa os miúdos nem tinham dado pela minha falta - o Kiko tinha ido à explicação de matemática e os outros dois tinham cá em casa amigos para brincar. E acho que tenho que me habituar a esta ideia - os miúdos cada vez mais não sentem a minha falta ... o que por um lado é bom, porque é sinal que eles estão a crescer, mas que por outro lado me dá um certo amargo de boca. Tenho que aprender a lidar com esta questão com mais ligeireza e sem me ressentir, porque ela não vai regredir. Porque a vida é assim mesmo - a vida deles é deles, e a minha é minha. E cada um tem obrigação em pensar na sua vida. Custa e dói um bocadinho... especialmente quando a nossa cabeça não anda muito ocupada, quando temos tempo para nos ressentir. E infelizmente, eu sou de me ressentir ...

3. Finalmente, e depois de me deliciar com mais um episódio da Anatomia de Grey (que AMO!), fui ao email e tinha uma mensagem da minha querida amiga Gioconda! Vou responder-te ao email, mas adorei recebê-lo! Foi a cereja no topo do bolo e assim terminei o meu dia em beleza.

Este foi um dia que nasceu cinzento mas que consegui que ficasse mais ensolarado. Fico contente comigo mesma por ter provocado esta "mudança metereológica". É claro que se tivesse amanhecido com sol e calor nada disto teria acontecido e tinha ido "curtir uma praia", que continua a ser uma das coisas que mais gosto na vida e que mais feliz me deixa.

domingo, 13 de novembro de 2011

R&V - parte 2

Fiquemos todos descansados - tal como previsto decorreu hoje de madrugada a entrada na Rocinha e no Vidigal e não houve qualquer tiro ou outro tipo de problema. Foi pacífico e rápido.
Acho que apenas nós que aqui vivemos demos alguma importância ao assunto. Em jornais de Portugal o assunto foi remetido para "pés de página", como sendo mais um dos muitos "fait divers" deste país.
Mas sinceramente acho que este momento foi histórico para o Rio de Janeiro e para o Brasil. Neste país, com tantas riquezas e em tão grande crescimento, a questão da segurança é fulcral. Sem segurança não podem avançar, não podem captar mais investimentos, não podem realizar grandes eventos internacionais, não podem afirmar-se no mundo como uma grande potência. A entrada das forças de segurança na Rocinha e no Vidigal foi um grande passo para alcançarem uma maior segurança na zona sul do Rio e consequentemente no Brasil.

Acho que se tivesse corrido mal, que se tivesse havido tiros, feridos e mortos, então seria uma notícia internacional, com direito a primeiras páginas e abertura nos telejornais de todos os países do primeiro mundo. Pelo menos em Portugal assim seria - uma tragédia, uma desgraça, o erro de outros, fazem vender jornais e aumentar audiências. Como correu bem, acho que vai aparecer, misturada com outras notícias, sem grande interesse ou destaque.

Quando a Madeira sofreu aquelas chuvadas horriveis os telejornais e jornais andaram durante semanas a mostrar as imagens daquele horrível sábado. Em Portugal e em todo o mundo. Não se deram depois ao trabalho de ir ver como tudo estava passado 1 mês. Porque, infelizmente, isso não dá audiências.

Mas o que interessa é que correu bem. Agora é esperar que continue a correr bem e que não haja grandes problemas. Como o dia está enovoado e frescote não vai dar para ir à praia. Porque se o sol estivesse a brilhar era certo que as praias irião estar cheias de gente.

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Os nossos vizinhos da Rocinha e Vidigal

Foi anunciado, no passado fim de semana, que o BOPE (polícia de operações especiais cá do sítio) iria entrar nas favelas da Rocinha e do Vidigal no dia 13 de Novembro. E quando digo anunciado refiro-me a informações nos jornais e nos telejornais.
Como recém chegada achei muito estranho este anúncio - então dizem aos bandidos quando é que vão entrar na favela? E eles não fogem? As respostas que fui obtendo a estas perguntas eram todas elas no mesmo sentido: têm que avisar para evitar morte de civis e dar tempo às pessoas para sairem, com as suas famílias, das favelas; e sim, é provavel que os bandidos fujam antes de eles entrarem. Ambas as respostas me fazem sentido, especialmente a primeira se se atender ao lado humano de poupar vidas a inocentes.
Ontem o Pedro foi para São Paulo e por isso eu fiquei com o carro. A meio da tarde fui deixar o João à Gávea a casa dos Solla e depois fui buscar o Mi à escola. Para diminuir o meu tempo de chauffer, e evitar andar a entrar e a sair, fui directa da escola para a Gávea. Deixem-me que acrescente que no cimo da Gávea é uma das entradas da Rocinha. Estave eu e a Patrícia com a bébé em animada cavaqueira na varanda, a aproveitar um ventinho de fim de tarde que sabia muito bem e com os 4 miúdos a brincar em silêncio, quando começamos a ouvir uns helicópteros. Achei estranho tantos helicópteros. Mas nem dei importância, pois é "bicho" que existe em grande quantidade nesta terra. Tranquilamente regressei a casa a tempo de ir pôr a picanha no forno para o jantar desta malta. Qual não é o meu espanto quando no noticiário da noite vejo que o "braço direito" do principal bandido da Rocinha (conhecido pelo "Coelho" por causa das orelhas de abano que tem ...) tinha sido apanhado, ao final da tarde, em plena Gávea, em frente ao shopping. Ou seja, afinal havia explicação para os helicópteros. O "cara" estava a fugir num carro, com a ajuda de uns tipos da polícia militar e da polícia municipal. Foram todos dentro. Eu não dei por nada, a Patrícia idem, e a maioria das pessoas também não.

Hoje de manhã ao ler o jornal vi que de madrugada apanharam o bandido principal (um tal de Nem) em plena Lagoa Rodrigo de Freitas, em frente ao clube naval, dentro de uma bagageira de um carro.
Ou seja, eles marcaram a invasão da favela para Domingo, mas pelos vistos, desta vez, fizeram o trabalho de casa e prenderam os principais bandidos antes de entrarem. Fiquei tão feliz com esta novidade que decidi que afinal não ia nada ficar em casa fechada (não se esqueçam que a Rocinha e o Vidigal ficam já a seguir ao Leblon ...) e fui para a praia! Coincidência ou não, tomei o meu melhor banho desde que cheguei ao Rio. Numa praia fantástica, super sossegada, cheia de mães com crianças pequeninas a brincar. Ao almoço o João perguntou-me se eu sabia o que era "contraste social". Apeteceu-me dizer-lhe "hoje de manhã a praia". Porque de facto atrás de nós estava a favela do Vidigal, com pessoas que se calhar não sairam das suas casas, nem foram à escola ou ao trabalho, com carros de polícia a fazer os preparativos para lá entrarem; e ao mesmo tempo eu e a Patrícia Solla, com a bébé na maxicozi, debaixo de um chapéu de sol, a conversar, tomar banhos e a bebermos côcô gelado. Para mim este é de facto o contraste social no seu estado mais puro.
Claro que não respondi assim e elaborei a coisa, não fosse o miúdo pensar que eu sou uma burra. Mas a resposta não anda muito diferente do quadro que atrás relatei. Sempre soube e vi estas diferenças sociais abismais, tão características do Rio, de todo o Brasil e de toda a América Latina, e impensáveis nos chamados países do primeiro mundo. É impossível estar no Rio e não ver estas diferenças, pois as favelas estão junto aos outros bairros. Mas começo a perceber que se aprende a viver com elas no dia-a-dia. Custa-me obviamente saber que há tanta gente pobre, mas honesta, ali ao lado. Mas o que posso eu fazer? Posso mudar alguma coisa? Adianta fechar-me em casa e não viver fora de casa, para não ver e saber que existem favelas? Adianta eu não ir à praia, ao cinema, ao calçadão? Acho que, infelizmente, não adianta. E que tenho que continuar a fazer a minha vida, com as cautelas necessárias, sem arriscar e ir para zonas perigosas (por exemplo já não uso relógio desde que cá cheguei). Mas deixando os miúdos irem brincar para casa dos amigos, o Kiko ir aos seus treinos de andebol, futebol americano e sair com os amigos. E rezar para continuar tudo pacato e a viver com o sentimento de plena segurança com que de facto vivo desde que cheguei. Porque muitos de vocês podem não acreditar, mas de facto nunca senti, desde que cá cheguei, qualquer receio ou medo de andar sozinha ou com os miúdos. E eu não sou especialmente afoita, até só um bocadinho mariquinhas.
Vamos lá ver como é que se passa tudo no Domingo, mas acho que vai ser tranquilo e que vamos estar "numa boa".

A questão da segurança é fulcral nos dias que correm para o Rio de Janeiro, futuro palco da Copa do Mundo e das Olimpiadas (que sinceramente custa a acreditar que vão acontecer porque ainda não está nada feito ...). Acho que eles não podem facilitar neste campo, especialmente aqui na zona sul do Rio, com perigo de assustar estas organizações internacionais e tudo ser cancelado. Este primeiro passo de entrar na Rocinha e no Vidigal é fundamental para a pacificação desta zona e de toda a cidade, pois é aqui que se situam os bons hotéis, os restaurantes, o comércio. Vai ter que ser uma batalha ganha. A bem ou a mal. Espero sinceramente que a bem. Afinal o "Nem" e o "Coelho" já estão dentro. Faltam só os outros!

sábado, 5 de novembro de 2011

Um sábado em grande!

Este foi um sábado muito bom! Tão bom que me apetecia carregar na tecla de "rewind" e viver tudo de novo. Não julguem que teve nada de transcendente ou inatíngivel. Mas foi a sua simplicidade que me entusiasmou.

Começou por termos ido jantar ontem à noite para a casa de uns amigos. Uma festa de aniversário surpresa para a dona da casa. Que como se prolongou pela noite acho que posso dizer que já fez parte deste sábado. Conversa animada, um bom jantar, óptimos vinhos portugueses e ir e vir a pé (este último detalhe é importante pois era algo que nunca faziamos em Lisboa, pois vivemos sempre longe dos amigos e nunca vamos a pé para lado nenhum).
Acordei cedo e tomei sozinha o pequeno almoço na varanda. Um luxo. Ainda liguei o iPad para ler o jornais de Portugal, mas o tom era tão terrível e os ventos que sopram da Europa eram tão frios, que desliguei e prometi a mim mesma que hoje não iria tentar ver mais notícias.

Consegui levantar esta malta da cama relativamente cedo e fomos para a praia. Tudo combinado por torpedo (torpedo = sms) e sem grandes complicações. Estava calor mas uma brisa agradá\vel e os miudos andaram entretidos a brincar uns com os outros e nós a conversar e a torrar ao sol. Banho nem pensar porque a água estava à temperatura da Arrábida (só o Mi é imune a estas questões da temperatura da água e tomou banho). E quando não se tem nada para fazer, o que se faz? Planos para almoço, claro. Nós, os adulto,s fomos todos comer feijoada e beber choupe para um restaurante fantástico no Jardim Botânico e os miúdos levaram hamburguers da lanchonete da esquina e foram para casa dos Solla ver filmes. O Kiko não fez nenhum destes programas porque hoje tinha treino de futebol americano de praia em Botafogo. Depois de tão bom almoço (mais de 2 horas que passaram a correr) ... uma sesta fantástica! E jantamos em casa um frango de cerveja que a Eunice deixou feito!

Como podem ver foi tudo "sem stress", de havaiana no pé, sem horas pré estabelecidas, sem programa pré definido.Até parecia que estavamos de férias no Algarve. E foi esta simplicidade, ir deixando passar o tempo e ir decidindo o que se faz a cada momento, que me encantou. Foi viver cada um dos momentos a seu tempo. Foi cada um fazer aquilo que gosta - nós estarmos na praia e almoçar fora só com adultos, o Kiko ir com os seus amigos fazer desporto, os miúdos comerem cheeseburgers e estarem em casa a ver filmes e a jogar sem ninguém os chatear.

Amanhã é Domingo. Quem sabe não se repete tudo novamente?

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Natal 2

Só hoje me dei conta que a minha missão para este Natal vai ter uma dificuldade acrescida: o Mi ainda acredita no Pai Natal ... Como é que eu vou conseguir levar a minha tarefa adiante sem o fazer desconfiar de nada? Porque acho que um dos dias mais tristes que tive foi quando descobri que o Pai Natal não existia. E a minha história do Pai Natal era diferente daquela de hoje em dia. Para mim o Pai Natal era uma versão doirada da Fedex ou DHL ou UPS. Quem escolhia e nos dava as prendas era o Menino Jesus. O Pai Natal mais não era que o homem encarregado de as entregar. Tipo "homem das pizzas". Nunca dei por isso tanta importância ao "Velho das Barbas". Quem recebia as cartas era o Menino Jesus e era ele que ajuizava se mereciamos ou não o que tinhamos pedido.

Já defendi vários anos junto dos meus filhosmais velhos esta teoria Pai Natal = Sr. da Fedex. E eles acabaram sempre por concordar comigo, até porque no colégio as educadoras tinham uma opinião parecida com a minha. Mas agora ir explicar que o Menino Jesus não manda as prendas é que vão ser elas ...
Com o Kiko foi fácil: no último ano em que acreditou parcialmente no "dueto Pai Natal/Menino Jesus" ainda consegui prolongar a magia desta história dizendo que de facto eram os Pais/Avós/Amigos que compravam, mas apenas e só porque o Menino Jesus nos tinha dado saúde para trabalhar e por isso juntar dinheiro para lhe comprar os presentes. Acreditou. E não melgou com mais perguntas (ele até nisso foi um menino bonzinho!).

Já com o João foi diferente - fez-se de desentendido (cá para mim para não se ver obrigado a comprar nada ...) e depois do Natal foi ele mesmo que me explicou que não havia Pai Natal, que o Menino Jesus não nos enviava nada e que eram mesmo os Pais/Avós/Amigos que compravam aquilo que ele queria. Ainda acrescentou que se a nossa teoria do Natal fosse verdade não haveria pobres no Mundo. Ouvi e calei. E concordei. E ainda tentei "vender" mais uma vez a história que tinha contado ao Kiko, para tentar prolongar o momento, mas ele não me ligou nenhuma.

Agora com o Mi ... ele é o meu bébé! Se ele deixar de acreditar no Pai Natal ninguém cá em casa vai acreditar! E eu não quero isso! Porquê? Porque é que eles têm que crescer? Como é que eu vou viver o Natal sem ter um sere vivo na minha casa que acredita na história do Natal? Acho que esse momento marca o início da pré adolescência. E sinceramente eu já tenho um adolescente e um pré adolescente em casa. Não quero, nem preciso de mais. Dois já são demais, não preciso de um terceiro.

Já sei! Se o Mi me vier com perguntas, vou negar tudo! Vou dizer que ele está enganado. E que se alguém lhe disser o contrário que venha falar comigo! O Mi vai ter que acreditar ... nem que seja só mais um ano ...

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Natal!

A minha avó Palmira era uma pessoa muito organizada, tinha envelopes com dinheiro separados por rúbrica e diversas listas. E também as datas e festejos estavam organizados: e a seguir ao meu dia dos anos surgia sempre uma frase do género "E agora o Natal está outra vez aí. Temos que nos organizar". Diga-se de passagem a minha Mãe também tem a mesma capacidade de organização. Eu ... depende. Durante muito tempo fui super organizada e fazia questão de chegar ao final de Novembro com os presentes já "arrumados". Nos últimos anos, e à conta de trabalhar longe do centro da cidade, fui-me desleixando e só conseguia terminar tal tarefa até ao meio de Dezembro. Este ano sinceramente nem sei como vou fazer, porque tenho tempo (pouco!) para pensar nisso, mas só de pensar que tenho que carregar tudo para o outro lado do oceano ...

Mas eu sempre adorei a época de Natal e este ano não vai ser diferente, por isso decidi começar a viver o espírito natalício já a partir de amanhã! E a minha tarefa este ano vai ser ainda mais árdua: tenho que meter na cabeça dura dos meus filhos que dá mais gosto oferecer do que receber. Vai ser, e com muita pena minha, uma tarefa difícil. Acho que não são só os meus filhos, mas hoje em dia todos os miúdos 8e alguns graúdos ...) parecem que não perceberem que dar e receber tem o mesmo gosto. Será que algum dia vão ter o prazer de oferecer alguma coisa a alguém e ter prazer com o prazer do outro? Aflige-me pensar que eles não conseguem desfrutar desse gozo imenso de ver uma pessoa a gostar daquilo que escolhemos especialmente para lhe oferecer. Porque comprar coisas por atacado, para despachar e ficar resolvido toda a gente consegue - basta ter o cartão multibanco à mão. Mas pensar no que uma pessoa pode gostar, no que se calhar ainda não pensou que gosta mas que quando vir vai ter uma surpresa e vai adorar, é um prazer imenso. Acho que se eles não aprenderem isso nunca vão conseguir, também, ter o prazer pleno de receber. E o mais provavel é que em todos os Natais da sua vida vão receber boxers, meias e chocolates!
Vai ser difícil, e por isso é que tenho que começar JÁ, para ver se nestes quase 60 dias tenho algum tempo para conseguir ter sucesso. Nos últimos Natais não tenho tido tempo para sair com cada um deles e para ir planeando e guiando as suas cabeças. Acabo sempre no final, com a falta de tempo, em dizer-lhes para fazerem um desenho e assim ficarem despachados (desenho esse que é feito também à pressa, comigo a dar a ideia e a ajudar a pintar). Mas este ano tenho tempo (pouco!), por isso vou dedicar-me a fundo a este tema. Decidi que vai ser a minha missão de Natal. O mais provável vai ser eles ficarem-me a odiar, mas pelo menos vou ter a consciência tranquila de que pelo menos, uma vez na vida, tentei.

Mas para mim o Natal também tem muito a ver com os famosos "enfeites de Natal". Sou daquelas parvas que todos os anos desce a Av da Liberdade e vai à Baixa e ao Chiado ver as luzes à noite. Eles odeiam ir, mas vão. O Pedro obriga-os e eles, fechados dentro do carro, lá vão a resmungar. E eu lá vou toda contente, a ver as luzes e a tecer os meus comentários. Sim, porque os comentários do banco de trás do carro resumem-se a "que seca! quando é que podemos voltar para casa? Isto é uma seca para pirosas!". Mas vão todos os anos, porque para mim é importante ver as luzes com eles, e não sozinha (eles também não percebem esse meu gosto em ver as luzes com eles...)! Azar, quando deixarem de viver lá em casa logo podem deixar de ir. Por enquanto faz parte da condição de "filho dependente", que é o que eles são!
Este ano, quando regressar "à terrinha" este passeio vai-se repetir. Mas mal sabem eles que vão ter dose a dobrar!!! Hoje passei na Lagoa Rodrigo de Freitas e já estão a montar a árvore de Natal gigante! Vou ter que dar várias voltas à Lagoa para a poder ver vezes sem conta, de todos os ângulos e mais alguns.
Vamos passar o Natal a Lisboa mas a época natalícia vai em parte ser vivida aqui. Mais uma experiência nova nas nossas vidas. Ver preparativos de Natal com mais de 30ºC vai ser único. Já começaram a haver imensos enfeites nas lojas - e a cidade já está a caminho de se tornar uma cidade nórdica. Porque, por estranho que pareça, o Pai Natal continua a estar entrouxado de roupa, com umas botas enormes e um casaco muito grosso e gorro na cabeça. Renas há imensas (!!!!) e flocos de neve e coroas de azevinho também! Não trouxemos nenhum enfeite de Natal de Lisboa (a bem dizer não trouxemos nada para além de roupa de vestir ...) mas acho que vou perder a cabeça e comprar um presépio e um pinheiro de Natal! Pequenos, claro, para não gastar dinheiro. Mas não tem graça nenhuma ter uma casa sem nada. Ou então opto por adoptar a visão do meu irmão de "O Natal é quando um homem quiser" e que quando os meus Pais estiveram nos States só desmontou a árvore de Natal em Maio! Faço o mesmo e trago em finais de Dezembro os meus enfeites de Lisboa e deixo-os na sala até ao Carnaval.

Hoje estou sozinha ao serão: o Pedro está em São Paulo toda a semana, o Kiko foi para uma festa (amanhã é feriado cá) e os pequenos estão com um amigo a brincar no quarto multimédia/de visitas. Tenho que ir deitá-los (o Frederico dorme cá) e ir ler um livro que adoro que pedi emprestado (Cem anos de Solidão., Mas estive a ver um filme de Natal e por isso lembrei-me que está quase a chegar a época do ano que eu mais gosto. E vendo as coisas pelo lado mais positivo - vou ter duas das coisas que mais gosto na vida juntinhas ao mesmo tempo: Natal e Praia! Estou em pulgas para ver o que vai dar esta mistura!

Até amanhã!

P.S. Mãe, não façam o presépio nos Cajados sem eu chegar! Só eu é que sei fazê-lo e se não fôr eu a colocar as figuras nos sítios certos fica tudo mal! O presépio tem que ficar IGUAL ao que sempre foi e com o qual me identifico desde pequenina.

Consegui!

Fui buscar o carro do Pedro ao hotel e consegui vir até casa sem ser parada pela Polícia !!! Desta vez ia munida de toda a papelada, carta de condução, passaporte, etc etc e o carro já tem placa, para evitar problemas!
Os dias estão cinzentos e não dá para ir à praia :(. Amanhã é feriado e tenho que descobrir o que fazer nesta cidade com 3 pestes que só querem ficar em casa na Playstation ...
Não tenho nada para contar ... a nossa vida continua traquila e as rotinas mantêm-se. Na falta de inspiração para escrever mais algumas linhas acho que hoje fico por aqui. Bom feriado a todos!